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Líder catalão comemora vitória e se diz disposto a negociar com Madri

DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Um dia depois de o bloco separatista obter a maioria do Parlamento catalão, o fortalecido ex-presidente Carles Puigdemont discursou nesta sexta-feira (22) em Bruxelas -onde está foragido- p

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 22.12.2017, 12:55:00 Editado em 22.12.2017, 12:55:09
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DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL

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BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Um dia depois de o bloco separatista obter a maioria do Parlamento catalão, o fortalecido ex-presidente Carles Puigdemont discursou nesta sexta-feira (22) em Bruxelas -onde está foragido- para celebrar o resultado e desafiar o governo central, no que deve agravar a tensão política.

Acusado pela Justiça espanhola de rebelião e sublevação por ter declarado a independência em 27 de outubro, Puigdemont disse que voltará a Barcelona caso seja reeleito pelos deputados e tenha garantias legais. "Exijo que nos respeitem", disse. "Nós somos o governo legítimo da Catalunha."

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Sua vitória inaugura a segunda temporada da crise catalã, com a promessa de duros episódios. Há outros deputados foragidos ou detidos, incluindo o líder da sigla Esquerda Republicana, a terceira mais votada na quinta-feira. Não está claro como eles vão legislar.

"A república já está proclamada e temos um mandato", Puigdemont afirmou em Bruxelas.

Ele disse estar aberto a uma reunião sem condições com o primeiro-ministro espanhol, o conservador Mariano Rajoy -sugeriu que se reunissem em Bruxelas, pois a princípio o ex-presidente catalão poderia ser detido caso voltasse à Espanha.

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Um enfraquecido Rajoy discursou também nesta sexta e, questionado sobre a possibilidade de se reunir com Puigdemont fora do país, disse: "se eu tiver que me sentar com alguém, é com quem ganhou as eleições". Ele citou o partido Cidadãos, de centro-direita, sigla que recebeu mais votos, mas não o suficiente para governar sozinha.

Puigdemont tampouco tem sozinho a maioria do Parlamento nem foi a força mais votada na Catalunha, mas deve se aliar a outros separatistas, formando o governo.

Ele disse estar aberto a uma reunião com o primeiro-ministro espanhol, o conservador Mariano Rajoy, mas perguntou: "se nós chegarmos a um acordo para celebrar um outro plebiscito, o Estado espanhol estará preparado para respeitar um 'sim' à independência?"

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Puigdemont não tem sozinho a maioria do Parlamento nem foi a força mais votada na Catalunha, mas sua aliança com outros separatistas é provável, formando o seu governo.

O Juntos pela Catalunha, de Puigdemont, terá 34 deputados. A Esquerda Republicana, 32. Já a Candidatura de Unidade Popular, de extrema esquerda, receberá apenas quatro -o suficiente para o trio separatista somar 70 cadeiras em um Parlamento com o total de 135.

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Apesar de os separatistas provavelmente governarem unidos, a vitória individual foi do partido de centro-direita Cidadãos, que conquistou 37 assentos. O Partido Socialista da Catalunha teve 17, e os Comuns, de esquerda, oito. O conservador Partido Popular, de Rajoy, ganhou três.

O premiê tinha convocado essas eleições regionais com a expectativa de superar os separatistas e encerrar a crise catalã, urgente desde o plebiscito de 1° de outubro e a declaração unilateral de independência.

Sua aposta, no entanto, não vingou. A persistência do bloco separatista liderado por Puigdemont, apoiado pelas urnas, pode ser a mais grave derrota política de Rajoy. "Não podemos estar satisfeitos com esse resultado", disse o primeiro-ministro.

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Rajoy deve se preocupar não só com a maioria separatista, mas também com a vitória do Cidadãos, que disputa o mesmo eleitorado conservador que o Partido Popular na Espanha. O premiê já governa hoje apenas devido ao apoio do Cidadãos, e ele vem sendo ofuscado.

CONTEXTO

A Catalunha é uma região espanhola com alguma autonomia, incluindo um Parlamento próprio e sua força policial regional, os Mossos d'Esquadra. O fervor separatista, no entanto, tem ganhado força desde 2006 e culminou no plebiscito independentista de 1° de outubro.

A consulta foi considerada ilegal por Madri, mas contou com a participação de 43% do eleitorado catalão e registrou 90% dos votos no "sim". Embates entre a polícia e eleitores deixaram 900 feridos, diz o governo catalão -número disputado pela autoridade central.

Em 27 de outubro, desafiando o Estado espanhol, o Parlamento catalão declarou sua independência de maneira unilateral. Em resposta, Rajoy dissolveu o governo e passou a intervir na região utilizando o Artigo 155 da Constituição. Foi quando convocou estas eleições.

O próximo Parlamento catalão deve ser formalmente constituído até 23 de janeiro. A partir dessa data, há uma série de prazos para que legisladores elejam o presidente catalão. Caso nenhum candidato seja aprovado até 7 de abril, novas eleições devem ser convocadas ali.

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