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Posto de votação no Estádio Nacional faz Chile lembrar de sua história

SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - Milhares de chilenos têm como local de sufrágio um lugar histórico da capital, o Estádio Nacional, na comuna de Ñuñoa. Trata-se de um dos centros de votação mais movimentados de Santiago. "

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 17.12.2017, 13:55:00 Editado em 17.12.2017, 13:55:08
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SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL

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SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - Milhares de chilenos têm como local de sufrágio um lugar histórico da capital, o Estádio Nacional, na comuna de Ñuñoa. Trata-se de um dos centros de votação mais movimentados de Santiago.

"É bom que se realizem eleições aqui, nos faz lembrar de um período terrível de nossa história, é como dar uma resposta positiva ao passado, e demonstrar que não nos esquecemos dele", diz Esteban Aguerre, 76, que acabava de colocar seu voto na urna.

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O Estádio Nacional, local de alegrias relacionadas ao futebol, pois foi sede de partidas de Copa América, de finais de campeonato chileno e de Libertadores, também foi onde o Brasil se consagrou pela segunda vez como vencedor de uma Copa do Mundo, em 1962.

Por outro lado, como diz uma placa do lado de fora, é também um lugar de memória dos tempos da ditadura (1973-1990). Afinal, serviu de centro de detenção clandestina e local onde se realizaram torturas e fuzilamentos. Estima-se que 40 mil opositores ao regime tenham passado por ali, entre eles o norte-americano Charles Horman, cuja história é contada no filme "Missing" (desaparecido), de 1982, do diretor grego Costa-Gavras.

Nos dias de eleições como este domingo (17), o campo fica fechado durante o dia. Ao redor dele, diante dos portões de acesso às arquibancadas, armam-se as mesas de votação e as cabines, com cortinas azuis, onde os eleitores votam. Depois, quando o pleito termina, as atas são levadas para serem contadas no interior do estádio.

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"É sempre especial trabalhar numa eleição aqui, são muitas as coisas que passam pela cabeça de cada chileno que viveu aqueles tempos", diz um dos fiscais do candidato de centro-direita, Sebastián Piñera.

Já um dos eleitores de Alejandro Guillier reforçou que a lembrança dos que morreram na resistência à ditadura reforça a "necessidade de votar, e votar bem, para que nada semelhante ao que nos passou naquela época ocorra de novo", disse Juan José Aldunate, 37.

"Me dá calafrios vir aqui votar, eu na verdade preferia que isso fosse um parque da memória. Nem que se celebrassem gols, nem que se elegesse ninguém aqui. Houve pessoas torturadas e fuziladas nesse mesmo lugar. Deveriam fazer dele um memorial silencioso", diz Antonia Montiel, 66, eleitora da esquerdista Beatriz Sánchez, da Frente Ampla, no primeiro turno, mas que disse que anularia o voto neste segundo turno.

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"Não creio que Guillier encampe o que ela propunha, que era uma esquerda nova, não quero endossar uma candidatura que não me parece muito clara."

Já na Estación Central, um dos bairros onde há mais imigrantes, este domingo foi um dia normal de comércio de rua. "Tem menos movimento agora, as pessoas votam cedo, e deixam para vir fazer compras mais tarde. Fico aqui esperando", disse Aimé Placide, 34, imigrante haitiana, que já regularizou sua situação no país, mas ainda não pode votar. "Creio que poderei na eleição que vem. Espero que sim, porque vim para reconstruir minha vida aqui, e por isso quero participar."

Já o equatoriano Josué Villavicencio, que já vive no Chile há dez anos, estava saindo para trabalhar com seu carro é motorista de Uber, mas ia passar antes pelo seu centro de votação. "Votei no primeiro turno em Beatriz Sánchez, porque é uma esquerda nova. Mas hoje vou votar em Piñera, pois Guillier é um comunista como esses que não deram certo na América Latina. Com Beatriz seria diferente, mas em Guillier não confio. Então que volte Piñera porque com ele tínhamos mais trabalho", resumiu.

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