SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ex-vice-ministros venezuelanos e autoridades ligadas à estatal petrolífera PDVSA receberam cerca de 2 bilhões de euros (R$ 7,8 bilhões) para facilitar a atuação de empresas estrangeiras na Venezuela, mostra uma investigação feita pela polícia de Andorra --onde teriam sido feito os pagamentos--e revelada pelo jornal espanhol "El País".
Os subornos teriam sido pagos entre 2007 e 2012, durante o governo do presidente Hugo Chávez, morto em 2013. O dinheiro era depositado no Banca Privada d'Andorra (BPA) --banco investigado desde 2015 por lavagem de dinheiro--, e de lá ia para empresas panamenhas, de onde seguia para contas na Suíça e em outros paraísos fiscais, com o objetivo de dificultar a identificação do destinatário dos valores.
Apesar disso, a investigação apontou que entre os beneficiários do esquema estão dois ex-vice-ministros de Energia da Venezuela, Nervis Villalobos e Javier Alvarado, e diretores da estatal petrolífera, além de empresários e outros nomes identificados como laranjas.
Também está envolvido no caso Diego José Salazar, que é primo de Rafael Ramírez, que comandou a PDVSA durante o governo de Chávez, mas que perdeu prestígio com o ditador Nicolás Maduro e saiu da estatal, sendo indicado como embaixador venezuelano na ONU.
No início deste mês, ele foi foi destituído do cargo de diplomata e passou a ser investigado por corrupção, sendo detido na Venezuela.
Maduro aproveitou para lançar uma "cruzada" contra ex-executivos da PDVSA a quem chama de "ladrões".
A lista também inclui o empresário Omar Farias, próximo ao chavismo, que movimentou cerca de 586 milhões de euros (R$ 2,2 bilhões), um dos maiores valores entre os envolvidos.
A juíza Canòlic Mingorance, responsável pelo caso, desconfia que os envolvidos recebiam entre 10% e 15% de propina dos contratos que intermediavam.
Segundo a investigação, a maior parte da propina foi paga por empresas chinesas que queriam explorar petróleo na Venezuela.
Apesar de o órgão interno de controle do BPA ter indicado desde o início que as contas podiam estar ligadas a atividades ilegais, o banco não tomou atitudes para impedir a ação. Segundo o "El País", o caso só começou a ser investigado em 2012, quando uma série de transferências chamou a atenção das autoridades.
Após pressão dos Estados Unidos, as autoridades de Andorra passaram a investigar o BPA em 2015 por seu envolvimento em atividades de lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros.
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