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Aliados de Fujimori dificultam a vida de presidente peruano

SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - O escândalo Odebrecht, que nos últimos dias respingou no atual presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, 79, pode definir sua derrocada política nas próximas horas ou semanas. Porém, é prec

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 15.12.2017, 15:10:00 Editado em 15.12.2017, 15:10:09
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SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL

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SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - O escândalo Odebrecht, que nos últimos dias respingou no atual presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, 79, pode definir sua derrocada política nas próximas horas ou semanas. Porém, é preciso lembrar que as acusações de corrupção não são as únicas responsáveis pelo rápido desgaste da gestão de PPK, como ele é chamado.

Eleito em 2016 por uma margem mínima de votos -menos de 50 mil em um país de 30 milhões de habitantes-, e ainda assim amealhando apoio de gente que não acreditava em suas propostas e apenas optou pelo voto útil para evitar a vitória de Keiko Fujimori, PPK já sabia que sua legitimidade como presidente se apoiava sobre uma base de confiança muito frágil por parte da sociedade.

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Na prática, foi ainda mais difícil, pois no Congresso, os fujimoristas conquistaram o maior número de cadeiras, 71, contra apenas 18 dos partidários da aliança governista PPK (Peruanos Por el Kambio).

Se aprovar projetos de lei com as reformas que havia anunciado em campanha foi quase impossível nestes primeiros 17 meses de gestão, muito mais complicado foi manter nos cargos os ministros que havia escolhido.

Além do primeiro-ministro (cargo que corresponde ao de Ministro da Casa Civil), PPK teve de se desfazer de cinco ministros de sua preferência. Todos foram impedidos pelo Congresso através de recursos dentro da legalidade, mas que davam mostra de serem motivados apenas por uma diferença ideológica.

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O que o partido fujimorista (Força Popular) queria não era apenas mais participação no gabinete -o que de fato conseguiu, afinal, dos cinco novos ministros, três são próximos ao grupo-, mas também exercer pressão pela liberação de seu líder, o ex-presidente Alberto Fujimori, 79.

O autocrata, que governou o Peru entre 1990 a 2000, foi condenado, em 2009, a 25 anos de prisão por abusos de direitos humanos e corrupção. Sua família alega que seu estado de saúde é grave -dizem ter um câncer, que médicos que o avaliaram a pedido do governo anterior, de Ollanta Humala (2011-2016), negaram.

Um indulto a Fujimori, que permanece preso, depende apenas do presidente da República. Humala recebeu pressões dos fujimoristas durante toda sua gestão, mas resistiu. Já PPK, diante da inviabilidade de governar que os fujimoristas lhe vêm impondo, começa a avaliar a possibilidade.

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Em visita a Buenos Aires há algumas semanas, o mandatário peruano disse a jornalistas que "o indulto a Fujimori é algo que teremos de trazer à discussão logo".

PRÓPRIOS ERROS

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Mas os problemas do governo não podem ser atribuídos apenas às pressões do fujimorismo. PPK demonstrou até aqui uma falta de capacidade de negociar com o grupo, algo que seus antecessores, Humala, Alejandro Toledo e Alan García, de algum modo, sempre conseguiram.

Em vez de buscar o diálogo com os fujimoristas, PPK preferiu enfrentá-los, sem fazer concessões ou buscar negociar com o parlamento. Além disso, preferiu compor seu gabinete apenas com tecnocratas, que aos olhos do fujimorismo parecem interventores do mundo empresarial no espaço político.

Goste-se ou não dos fujimoristas, que seguem um líder que exerceu poder com mão-de-ferro e que cometeu abusos contra direitos humanos inaceitáveis, PPK teria de ter tido a sensibilidade de ouvir a voz das urnas, que mostram que o fujimorismo ainda é uma força popular, principalmente entre os extratos mais humildes da população.

Agora, que o escândalo Odebrecht vem minando até mesmo o apoio dos não-fujimoristas e dos que estiveram sempre junto a PPK, sua situação se fragiliza ainda mais. Se a decisão sobre sua continuidade no cargo depender de uma votação no Congresso, será muito difícil que resista.

Mais do que afirmar que não vai renunciar, como fez na quinta-feira (14) e provar sua suposta inocência no caso Odebrecht, PPK terá, ainda, de fazer o que não fez até agora, que é negociar politicamente com uma oposição que o tem de mãos atadas.

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