Mujica fecha campanha de Guillier no Chile e pede união latino-americana

SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL

SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - O ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica, 82, discursou na noite desta quinta-feira (14), na abertura do ato de encerramento de campanha do candidato centro-esquerdista Alejandro Guillier, 68, numa praça no centro de Santiago. O segundo turno acontece neste domingo (17).

Além de expressar apoio ao candidato, fez algumas observações sobre a América Latina atual. "Vivemos no continente mais rico do mundo em termos de recursos naturais, mas também no mais injusto. E injusto porque repartimos as coisas mal, pois somos herdeiros de países feudais", afirmou.

Dirigiu-se aos atuais líderes do continente, "que ficam buscando acordos com grandes mercados longe daqui, quando deveriam se preocupar com o maior mercado que temos, que é o mercado dos pobres da América Latina".

E pregou a "unidade da América Latina, uma unidade em que não é necessário que todos pensem igual, mas que estejamos todos unidos".

Na fala, o uruguaio lembrou ser de uma geração "que lutou pelo tudo ou nada, e quando você luta pelo tudo ou nada, fica com nada".

Ele afirmou também que o futuro do mundo, "aquele que eu não vou ver, mas os netos de vocês sim, será um futuro de grandes unidades continentais. Vejam os europeus, depois de tanto lutar entre si por séculos, estão se unindo, com governos que pensam diferente, mas unidos. E a China e a Índia também são parceiros continentais. A América Latina precisa se pensar como continente. E estou aqui como latino-americano para dizer isso".

Na sequência, Guillier subiu ao palco e contou o que aprendeu ao percorrer o país e "ver tanta desigualdade", que prometeu reverter. Disse que, caso seja eleito, o Chile se transformaria em um país de "fronteiras abertas, em que a cordilheira não será um impedimento à integração entre os países".

Acrescentou que deverá dar novo fôlego aos julgamentos de crimes da ditadura (1973-1990) e homenagear os que perderam a vida pela democracia. "É preciso lembrar deles porque é por causa deles que estamos votando neste domingo. Não podemos deixá-los cair no esquecimento."

PIÑERA

Já o candidato de centro-direita, o ex-presidente Sebastián Piñera, 68, fez seu ato de encerramento num teatro, ao lado da mulher, Carolina Morel, e de seus quatro filhos, e num ambiente em que estavam militantes e seus aliados políticos, como os ex-candidatos José Antonio Kast e Manuel Ossandón.

Ele prometeu mudanças em relação ao governo atual, da presidente Michelle Bachelet, que termina em março, e afirmou que o Chile "voltará a crescer; vamos recuperar a confiança e a alegria que tínhamos antes".

Seu discurso foi bastante centrado na questão de segurança. Em caso de vitória, ele se comprometeu a combater a criminalidade e o narcotráfico, "para que recuperemos as praças, os espaços públicos para nossas crianças brincarem e para nossos jovens namorarem".