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Após ataques de garimpeiros, AM outorga licença para extração de ouro

FABIANO MAISONNAVE MANAUS, AM (FOLHAPRESS) - Quarenta e seis dias após garimpeiros destruírem escritórios e carros do Ibama e do ICMBio em Humaitá (700 km a sul de Manaus), o governador Amazonino Mendes (PDT) concedeu licenças ambientais a cooperativas da

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 13.12.2017, 12:20:00 Editado em 13.12.2017, 12:20:06
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FABIANO MAISONNAVE

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MANAUS, AM (FOLHAPRESS) - Quarenta e seis dias após garimpeiros destruírem escritórios e carros do Ibama e do ICMBio em Humaitá (700 km a sul de Manaus), o governador Amazonino Mendes (PDT) concedeu licenças ambientais a cooperativas da mesma região, onde o ouro é extraído ao longo do rio Madeira.

No final de outubro, uma operação liderada pelo Ibama contra o garimpo ilegal em trechos do Madeira que atravessam unidades de conservação e terras indígenas destruiu 31 balsas de extração de ouro. Revoltados, centenas de garimpeiros incendiaram os prédios públicos.

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Na prática, essas licenças agora impedem os órgãos fiscalizadores federais de destruir as balsas na região, um dos principais instrumentos no combate a ilícitos ambientais na Amazônia, como garimpo e madeira.

As licenças foram entregues a duas cooperativas por Amazonino durante cerimônias em Manicoré e em Humaitá, nesta terça-feira (12). As concessões ocorreram após a assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta Ambiental (Taca), segundo a Secretaria de Meio Ambiente (Sema).

"Só aqui, em Humaitá, quase 6.000 pessoas vivem do garimpo. E os recursos do garimpo marginalizado, escondido, fora da lei, os recursos que são muitos milhões de reais, de ouro, se tornam clandestinos, não fica nada para a cidade, para a população e continua a poluição de forma desvairada no rio", afirmou Amazonino.

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Antes da decisão do governo estadual, todas as licenças ambientais no Madeira estavam vencidas porque as cooperativas não vinham cumprindo o o artigo 11 da resolução 14, de 2012, do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cemaam).

O artigo determina que os resíduos de mercúrio devem ser colocados em recipientes fechados e entregues a um lugar predeterminado pelo governo estadual.

Em resposta por escrito à reportagem, o secretário-executivo da Sema, Adilson Cordeiro, disse que o licenciamento é atribuição exclusiva do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), sem necessidade de aval do conselho. Ele classificou os ataques em Humaitá de "situação isolada".

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Segundo ele, as cooperativas agora são obrigadas a contratar estudos e a informar, a cada três meses, os "níveis de contaminação por mercúrio em peixes, plantas aquáticas, sedimentos do fundo do rio e nos garimpeiros", entre outras exigências.

"O Amazonas tem regras bem definidas e rígidas de controle ambiental para a atividade garimpeira e não abre mão de fazer cumprir o que determinar o Taca", escreveu.

Para o especialista em recursos pesqueiros da ONG WCS Brasil Guillermo Estupiñán, as licenças ambientais foram concedidas sem estudos e discussões suficientes no âmbito do Cemaam, que reúne representantes da sociedade civil, do governo estadual e do governo federal.

"Apesar de ser uma atividade que já está estabelecida há muito tempo na região, sentimos falta de mais conhecimento sobre o impacto das dragas e do mercúrio no leito do rio quanto à transformação da sua paisagem e a presença de mercúrio nos organismos aquáticos, muitos deles de consumo humano, e também sobre os impactos socioeconômicos."

"A atividade garimpeira no rio Madeira, mesmo no período em que esteve licenciada, teve um aumento expressivo no número de balsas, com o trabalho em péssimas condições e a possível contaminação de quem manipula estes elementos, do rio e de seus recursos naturais, principalmente dos peixes, principal alimento das pessoas de lá", completou Estupiñán.

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