SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Membros do Partido Social-Democrata (SPD) deram luz verde em convenção em Berlim nesta quinta-feira (7) para que a legenda dê início a negociações "abertas" com a União Democrata-Cristã (CDU) da chanceler alemã, Angela Merkel, para a formação de um governo.
A votação dos 600 delegados significa que os líderes partidários podem decidir entre algumas opções, como renovar a chamada "grande coalizão" entre o SPD e CDU --com a qual ambos vêm governando--, ou dar apoio a um governo minoritário de Merkel sem porém integrá-lo.
Na convenção, o líder do SPD, Martin Schulz, também foi reeleito para comandar o partido --que ele preside há menos de um ano-- com mais de 81% dos votos.
A partir da semana que vem, Schulz deve se reunir com Merkel e com Horst Seehofer, líder da CSU, partido conservador do Estado da Baviera que tradicionalmente compõe governo com a CDU.
Após as eleições de setembro do ano passado, Schulz havia prometido reorganizar o partido na oposição, após ter sido punido nas urnas, segundo a avaliação dos próprios social-democratas, pela coalizão com Merkel.
As eleições levaram ao cenário partidário mais fragmentado da Alemanha do pós-guerra, com seis partidos com representação parlamentar, e levou ao Parlamento pela primeira vez desde então um partido de direita nacionalista, o Alternativa para a Alemanha (AfD).
O SPD recusou na ocasião a perspectiva de renovar a aliança com os conservadores --algo que tinha feito em dois mandatos (2005-2009 e 2013-2017), com Merkel à frente do governo.
Porém, as tentativas da chanceler de formar um governo com os Verdes e o FDP (liberais) fracassaram, tornando mais evidente o risco de que ela tivesse de convocar novas eleições.
"A questão não é 'grande coalizão' ou não", disse Schulz antes da votação nesta quinta. "Nem ter um governo de minoria ou novas eleições. Não --é sobre como exercitamos nossa responsabilidade, incluindo para com a próxima geração."
Schulz afirmou que o partido se recuperaria apenas se pudesse oferecer uma clara visão de uma Alemanha e de uma Europa que funcionassem para seus cidadãos, defendendo uma maior integração europeia e a criação dos "Estados Unidos da Europa" até 2025.
Schulz fez ainda um mea-culpa pelo desastre eleitoral de 2016.
"Não é apenas a última eleição que nós perdemos", afirmou. "Perdemos não apenas 1,7 milhão de votos desta vez, mas 10 milhões desde 1998 --a metade de nossos eleitores."
Muitos dos jovens militantes do partido preferiam que a legenda tomasse novos rumos após 12 anos em coalizões centristas.
"Merkel lidera este país sem direção", disse um deles. "Ela não tem um plano para a Europa, ela lidera o país de semana a semana. Precisamos de uma social-democracia forte neste país."
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