SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Parlamento da Austrália aprovou nesta quinta-feira (6) o texto que legaliza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, semanas após uma consulta popular do governo em que 62% dos participantes votaram a favor da medida.
Embora a Austrália seja um dos países mais liberais e tenha duas das maiores paradas LGBT do mundo, as de Sydney e Melbourne, até aqui só alguns de seus Estados permitiam a união civil (com menos direitos aos cônjuges) e reconheciam matrimônios celebrados no exterior.
Dos 150 deputados, apenas quatro votaram contra. "Que dia. Que dia para o amor, a igualdade e o respeito. É hora para mais casamentos", disse o primeiro-ministro Malcolm Turnbull, do Partido Liberal (centro-direita).
A lei já havia sido confirmada pelo Senado com ampla maioria (43 a 12) na semana passada e contava com o apoio dos dois principais partidos do país, o conservador Partido Liberal e o Trabalhista, de centro-esquerda.
O projeto foi introduzido após a consulta popular, que teve a participação de 12,7 milhões de pessoas, o que equivale a 80% dos eleitores australianos. Os participantes enviaram o voto pelo correio.
A Austrália é o 28º país do mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foram 22 tentativas mal sucedidas de aprová-lo desde 2004, quando o Parlamento reforçou a Lei de Matrimônio para definir casamento como a união entre um homem e uma mulher.
O governo informou que os casais poderão se inscrever a partir deste sábado (9), com os primeiros casamentos podendo acontecer a partir de 6 de janeiro de 2018.
A festa no Parlamento foi acompanhada de muitas lágrimas e champanhe, com a presença de celebridades australianas homossexuais como o nadador e campeão olímpico Ian Thorpe e a atriz Magda Szubanski, que abraçaram deputados.
Thorpe agradeceu aos "nossos irmãos e irmãs heterossexuais" pelo apoio na consulta popular. "Literalmente sem os votos deles, isso nunca teria acontecido."
"Isso significa que criamos uma Austrália que é mais igualitária, mais justa", acrescentou o campeão olímpico, que assumiu ser gay em 2014.
O ex-premiê conservador Tony Abbott criticou a medida, afirmando que Turnbull e o líder trabalhista, Bill Shorten, falharam em apresentar proteções detalhadas sobre liberdade de expressão e religião no texto da lei.
Como exemplo, mencionou em seu discurso o caso de um adolescente que perdeu o emprego após se manifestar contra o casamento homossexual na internet.
pedido de casamento
Na segunda (4), o Parlamento havia sido palco de um pedido de casamento. O deputado Tim Wilson, 37, foi ao microfone e pediu a mão de seu namorado, Ryan Bolger, que estava na tribuna e prontamente aceitou.
"Em meu primeiro discurso, defini nossa relação com a aliança que usamos em nossa mão esquerda", disse o deputado, emocionado.
O casal está juntos há nove anos e os dois já usam aliança, mas a lei australiana não permitia o casamento entre eles.
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