SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após o grupo palestino Hamas convocar uma nova intifada (rebelião) contra a decisão do governo americano de declarar Jerusalém como capital de Israel, protestos simultâneos na Cisjordânia e na faixa de Gaza deixaram pelo menos 17 feridos nesta quinta-feira (7).
O confronto acontece no mesmo dia que o primeiro-ministro israelense Binyiamin Netanyahu disse que outros países podem seguir o exemplo americano e transferir a embaixada para a cidade -ele não revelou quais seriam os países que estudam a medida.
Pelo menos uma pessoa está em estado grave e três manifestantes foram atingidos por chamas -o restante foi ferido por balas de borracha disparadas pelas tropas israelenses, de acordo com os médicos.
A confusão começou quando milhares de pessoas na Cisjordânia e na faixa de Gaza foram para as ruas. Sob gritos de "Jerusalém é a capital do Estado Palestino", parte dos manifestantes começou a jogar pedras nos soldados israelenses, que revidaram com balas de borracha.
O confronto desa quinta fez aumentar o temor de que a decisão americana gere uma escalada da violência no Oriente Médio, principalmente após o Hamas convocar uma nova intifada para começar na sexta-feira (8), quando estão marcados novos protestos.
"Nós devemos convocar e nós devemos trabalhar em lançar uma intifada em face ao inimigo sionista", disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, durante discurso na faixa de Gaza.
Haniyeh, eleito líder geral do grupo em maio, pediu que palestinos, muçulmanos e árabes se manifestem contra a decisão dos Estados Unidos na sexta-feira, que chamou de "dia da raiva".
"Deixem 8 de dezembro ser o primeiro dia da intifada contra o ocupante", disse.
Israel e os Estados Unidos consideram o Hamas, que lutou em três guerras contra Israel desde 2007, uma organização terrorista. O grupo não reconhece o direito de existência de Israel e seus ataques suicidas ajudaram a encabeçar sua mais recente intifada, de 2000 a 2005.
NETANYAHU
A convocação do Hamas aconteceu depois de Netanyahu afirmar que diversos países estudam seguir os Estados Unidos e reconhecer Jerusalém como capital.
"Já estamos em contato com outros Estados que farão um reconhecimento semelhante" disse durante discurso no Ministério das Relações Exteriores..
Na quarta-feira (6), Donald Trump fez um discurso para anunciar a medida e a transferência da embaixada americana no país de Tel Aviv para Jerusalém em até quatro anos.
De acordo com Netanyahu, alguns países podem fazer a mudança antes mesmo dos Estados Unidos -atualmente todas as embaixadas ficam em Tel Aviv.
Segundo o premiê, Trump "se uniu para sempre" com a história de Jerusalém com a decisão, que não foi bem recebida pela maior parte da comunidade internacional.
Com medo que o anúncio dificulte o processo de paz e aumente a instabilidade na região, aliados tradicionais dos EUA, como Alemanha, Reino Unido e França, não aprovaram a medida. Líderes de países árabes e de maioria muçulmana, assim como Rússia, China e o Vaticano, também criticaram a decisão americana.
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