SYLVIA COLOMBO
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A campanha eleitoral para o segundo turno no Chile teve início nesta segunda-feira (4) com uma surpresa. A candidata da esquerdista Frente Ampla, Beatriz Sánchez, cuja força política havia anunciado que se manteria neutra no segundo turno, resolveu anunciar seu apoio pessoal ao centro-esquerdista Alejandro Guillier.
Com esse gesto, Sánchez, que havia obtido 20,2% dos votos no primeiro turno, transforma-se numa importante aliada do ex-apresentador de TV e senador por Antofagasta, que passou para o segundo turno com 22,7%, e que no próximo dia 17 de dezembro enfrentará o favorito, o centro-direitista Sebastián Piñera, que obteve 36%.
Sánchez ressaltou que seu apoio é particular, pois dentro da Frente Ampla há uma vertente que considera que, como partido novo, não deve apoiar a forças tradicionais da política. Como Guillier tem o apoio da atual presidente, Michelle Bachelet, a Frente Ampla resolveu não declarar apoio e deixar seus eleitores "livres para votar como quiserem".
Sánchez, porém, considerou que Sebastián Piñera seria "um atraso para o país" e que a neutralidade neste momento "não era uma opção". E complementou: "Meu voto é contra Piñera, e portanto será para Guillier". Este a agradeceu por meio de uma mensagem nas redes sociais. Nas últimas semanas, também o ex-presidente socialista Ricardo Lagos (2000-2006) também fizera chamados para um voto unido da esquerda e da centro-esquerda para Guillier.
O movimento dificulta um pouco a chegada de Piñera ao cargo, embora permaneça favorito. Se contar com seus 36%, mais os 7.9% obtidos pelo ultra-direitista José Antonio Kast, que o apoia, poderia chegar à frente de Guillier.
Dependerá, porém, do comportamento dos eleitores da Frente Ampla, se seguirem a orientação do partido e anularem o voto ou não comparecerem, fortalecerão Piñera. Se seguirem a Sánchez, Guillier terá chances de vencer o ex-presidente.
A disputa ficou mais renhida, e nas próximas duas semanas será mais explícita. Por sua parte, Michelle Bachelet vem incentivando os chilenos a votar. Menos de 50% do padrão votou no primeiro turno, e o Chile é um dos recordistas no mundo entre os países cujos eleitores menos comparecem às urnas (o voto não é obrigatório).
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