SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo de Honduras suspendeu o direito à livre circulação nesta sexta-feira (1º), impondo por dez dias toque de recolher à noite e dando ao Exército e à polícia mais poderes depois que confusões e protestos deixaram pelo menos uma pessoa morta.
Mais de 20 pessoas foram feridas e outras 100 foram presas em manifestações depois da eleição de domingo (26). Líderes da oposição acusam o governo de tentar fraudar o resultado, manipulando a contagem de votos.
"A suspensão de garantias constitucionais foi aprovada para que as Forças Armadas e a polícia nacional consigam conter esta onda de violência que atingiu o país", disse Ebal Díaz, membro do conselho de ministros.
Cinco dias depois do fechamento das urnas, nenhum vencedor emergiu da votação. O presidente Juan Orlando Hernández, candidato à reeleição, conseguiu uma pequena vantagem sobre seu adversário, mas milhares de votos contestados ainda podem mudar o resultado.
O presidente do tribunal eleitoral, David Matamoros, disse que representantes dos partidos políticos estariam presentes para a contagem de votos e que nenhum anúncio seria feito até que houvesse um resultado final.
A oposição, porém, publicou uma lista de demandas que incluem uma revisão mais ampla de votos em três jurisdições. Os opositores alegam que a participação dos eleitores foi excepcionalmente alta e que o número de cédulas que apresentaram problemas foi muito maior do que o divulgado pelo governo.
A atuação de Juan Orlando Hernández é questionada pela oposição desde a candidatura. Ele só concorreu devido a uma sentença da Suprema Corte que contraria a Constituição -a lei máxima veda a reeleição consecutiva para presidente.
Com a decisão judicial, passou a usufruir de um benefício ao qual se opôs oito anos atrás. Tanto ele quanto seu partido repudiaram a proposta de emenda constitucional feita pelo presidente esquerdista Manuel Zelaya, que dias depois acabou deposto em um golpe militar.
A contradição foi usada como arma por seus adversários, principalmente Zelaya e Salvador Nasralla, um outsider que ficou em terceiro lugar na eleição de 2013. Neste ano, os dois formaram uma aliança cujo nome alude às acusações de autoritarismo que fazem contra o rival.
Eles citam como exemplo dessa ação arbitrária a suposta cooptação da Suprema Corte e do TSE. O dito aparelhamento foi a principal justificativa da suspeita de fraude, e o andamento da apuração desde então fomentou as acusações contra Hernández.
Resultados preliminares foram divulgados na segunda (27). Com 57% dos votos apurados, Nasralla liderava a disputa com 45,17% dos votos, contra 40,21% do presidente. Ambos cantaram vitória -o presidente disse que faltavam urnas do interior, o que em tese o beneficiaria.
Não houve mais atualizações até a terça (28), quando foi revelada contagem com ligeiro avanço após diversas reclamações da oposição e de observadores da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da União Europeia.
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