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Berçário de pterossauros é achado na China

GIULIANA MIRANDA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os estudos sobre a evolução dos pterossauros, que eram bastante limitados devido à escassez de material, acabam de sofrer uma revolução: cientistas encontraram nada menos que 215 ovos fossilizados -e em ótimas

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 30.11.2017, 20:50:00 Editado em 30.11.2017, 20:50:04
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GIULIANA MIRANDA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os estudos sobre a evolução dos pterossauros, que eram bastante limitados devido à escassez de material, acabam de sofrer uma revolução: cientistas encontraram nada menos que 215 ovos fossilizados -e em ótimas condições de preservação- desses répteis voadores.

Até agora eram conhecidos apenas oito ovos de pterossauro com estrutura tridimensional e embrião. A nova descoberta foi publicada na revista especializada "Science".

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O trabalho foi comandado pelo paleontólogo chinês Xiaolin Wang, da Academia Chinesa de Ciências de Pequim, e contou com a participação do paleontólogo brasileiro Alexander Kellner, da UFRJ.

A DESCOBERTA

Os ovos foram encontrados na China, um país que já tem tradição na obtenção de fósseis muito bem preservados, inclusive de pterossauros, cuja estrutura óssea é mais delicada que a da maioria dos répteis contemporâneos.

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Segundo os pesquisadores, todas as amostras pertencem à espécie Hamipterus tianshanensis, do Cretáceo Inferior (ou seja, entre 145 milhões e 100,5 milhões de anos atrás), descoberta em 2014, também com a participação de Kellner.

No material encontrado, há ovos cujos embriões estão em diferentes estágios de desenvolvimento, identificados com o auxílio de vários tipos de exame, inclusive tomografias computadorizadas.

"O mais interessante é justamente poder comparar as várias etapas de desenvolvimento", conta o paleontólogo brasileiro.

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Dos ovos descobertos, 16 têm embriões extremamente bem preservados. O mais notável deles armazena parte de uma asa e até ossos do crânio, incluindo até a mandíbula.

Embora seja preciso cautela quanto aos resultados -desvendar milhões de anos de história a partir de fragmentos fossilizados não é tarefa fácil-, os cientistas já têm boas pistas sobre a reprodução e a biologia dos pteros.

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"Notamos uma diferença grande no grau de desenvolvimento dos ossos. O úmero, um osso ligado ao voo, é muito menos desenvolvido do que, por exemplo, o fêmur. Isso sugere que esses animais nasciam podendo andar, mas não podendo voar", explica Alexander Kellner.

"Isso indicaria pelo menos algum tempo de cuidado parental. Os pais pterossauros teriam que cuidar dos seus filhotes por algum tempo para que eles pudessem sobreviver", completa.

A grande quantidade de ovos encontrados, e o fato de terem sido postos por diferentes indivíduos, indica que esses animais muito provavelmente faziam ninhos em áreas coletivas.

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Os pesquisadores também encontraram indícios de que os pterossauros tinham certa fidelidade ao local onde colocavam os ovos.

Também na "Science", o pesquisador D. Charles Deeming, da Universidade de Lincoln, no Reino Unido, destaca a importância da descoberta. "Este trabalho é crucial para a compreensão da reprodução dos pterossauros", diz o cientista, que não participou da pesquisa.

NORDESTE ANCESTRAL

O Nordeste brasileiro, sobretudo na região da chapada do Araripe, também tem registro de uma grande quantidade de pterossauros.

Para o paleontólogo Alexander Kellner, é muito provável que a área também tenha potencial para achados de grande impacto.

"A China está dando de goleada em ciência no Brasil. Você pode ter certeza de que se eu e meus colegas tivéssemos 10% do investimento que os chineses têm, nós estaríamos encontrando coisas incríveis lá no Araripe", especula.

"Se achássemos ovos no Araripe, eles estariam muito melhor do que os da China, porque as condições de fossilização por aqui são muito mais bacanas, preservam muito mais tecidos moles", diz Kellner.

Enquanto a ciência nacional não encontra ovos de pterossauro para chamar de seus, os brasileiros podem conferir réplicas de parte do material chinês. Elas ficarão expostas a partir desta sexta (1º) no Museu Nacional, em São Cristóvão, no Rio.

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