SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A TV estatal do Irã exibiu neste domingo (26) vídeos de um chinês-americano e uma iraniana com cidadania britânica que estão presos no país acusados de espionagem. Xiyue Wang foi condenado a 10 anos de prisão sob acusação de se infiltrar no país enquanto fazia pesquisas para o doutorado que faz pela universidade americana Princeton, em agosto de 2016.
A iraniana-britânica Nazanin Zaghari-Ratcliffe cumpre pena de cinco anos, acusada de planejar derrubar o governo do Irã, enquanto visitava familiares no país no ano passado. Ela estava com a filha, então com um ano e meio, e enfrenta agora novas acusações, que podem acrescentar 16 anos à pena.
No sábado, houve protestos em Londres pela libertação de Zaghari-Ratcliffe, com participação da atriz Emma Thompson. O governo britânico está considerando liberar de US$ 530 milhões em recursos do governo iraniano atualmente no país, mas nega que se trate de resgate.
O vídeo com o sinoamericano foi divulgado para pressionar o governo do presidente Donald Trump, que tem adotado linha dura contra o regime em Teerã e ameaça rever o acordo nuclear. Wang é acusado de passar informações confidenciais ao Departamento de Estado enquanto pesquisava para um doutorado sobre história da Eurásia.
Autoridades iranianas alegam que ele escaneou 4.500 páginas de documentos, pagou milhares de dólares por arquivos e tentou obter acesso a áreas confidenciais de bibliotecas em Teerã. Nas imagens, ele aprece em um tribunal iraniano, e depois fala para a câmera, emocionado.
No vídeo sobre Zaghari-Ratcliffe, a TV mostra um e-mail de junho de 2010 sobre um projeto da BBC que treinava "jovens aspirantes a jornalistas do Irã e Afeganistão por meio de uma plataforma on-line segura".
Zaghari-Ratcliffe saiu da BBC em 2011 e foi contratada pela Fundação Thomson Reuters. A empresa afirma que ela não estava treinando jornalistas no ano passado.
Londres e Teerã discutem a liberação de US$ 530 milhões em poder do governo britânico, referentes ao pagamento que o xá Reza Pahlevi, derrubado pela Revolução Islâmica (1979), fez por tanques de fabricação britânica, nunca entregues.
Autoridades negam que o pagamento tenha relação com Zaghari-Ratcliffe. Mas analistas indicam que o regime em Teerã costuma usar prisioneiros como instrumento de barganha ao negociar.
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