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Distanciamento de intelectuais ajudou o populismo, diz chanceler português

EDOARDO GHIROTTO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro das Relações Exteriores de Portugal, Augusto Santos Silva, 61, afirmou que o distanciamento da classe intelectual do restante da sociedade contribuiu para o ressurgimento do populismo em todo o mund

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 23.11.2017, 17:50:00 Editado em 23.11.2017, 17:50:04
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EDOARDO GHIROTTO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro das Relações Exteriores de Portugal, Augusto Santos Silva, 61, afirmou que o distanciamento da classe intelectual do restante da sociedade contribuiu para o ressurgimento do populismo em todo o mundo.

Em visita à USP, o chanceler defendeu que as instituições públicas devem se abrir aos grupos populares para reconstruir vínculos com a sociedade. Ele criticou a arrogância no meio intelectual e o isolamento das universidades em círculos acadêmicos.

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"Intelectuais exerceram uma violência simbólica ao considerarem que os grupos populares, por não serem educados ou qualificados, não teriam direito à palavra. Quando analisamos o populismo hoje, percebemos que há uma parte de excluídos da democracia política que encontraram a sua voz nesse movimento", disse o ministro.

Santos Silva discursou nesta quinta-feira (23) em evento organizado pelo Consulado Geral de Portugal, o Instituto Camões e a Cátedra Jaime Cortesão, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, com apoio da Folha de S.Paulo.

Para o ministro, as democracias estão ameaçadas pela falta de pluralidade na política e pela desinformação -fruto da disseminação de informações falsas nas redes sociais. O chanceler disse que defender a razão e a mediação de ideias é a melhor forma de frear o avanço populista.

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"Estamos falando sobre os populistas, o que pode ser contraproducente. Temos que falar com os populistas, embora não seja necessário falar como eles. Algumas questões que o populismo coloca são legítimas, mas as repostas para elas estão erradas."

Santos Silva disse que a classe intelectual não pode entrar em "estado de negação" ao tratar do avanço das redes sociais. "As novas mídias dão uma posição de sujeito às pessoas comuns. Esse é um avanço do ponto de vista democrático. É um jogo que devemos jogar."

Santos Silva é doutor em sociologia pelo Instituto Universitário de Lisboa e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

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"Precisamos interagir. Se não estivermos lá, outros estarão. E garanto que serão bem piores do que nós. Não porque somos pessoas especiais, mas porque eles não possuem as ferramentas e obrigações profissionais que nós temos."

Para Santos Silva, o fortalecimento das instituições públicas é um antídoto ao populismo. "Não podemos trocar instituições por chefes iluminados e esquecer da diversidade e da pluralidade. Não haveria um Einstein se não existisse o Instituto Politécnico de Zurique."

Ele deu como exemplo as universidades portuguesas. "Elas perceberam que não perderiam privilégios se interviessem no espaço público e se se aproximassem da realidade econômica da sociedade. A pior coisa que um intelectual do século 21 pode fazer é se ver como uma montanha. Quem quiser escrever novos ensaios não pode ficar trancado em casa."

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