SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Autoridades da Venezuela prenderam nesta terça-feira (21) em Caracas o presidente interino da Citgo -a filial da petroleira PDVSA nos Estados Unidos- por suposta corrupção. Além de José Pereira, também foram detidos cinco vice-presidentes da subsidiária da estatal venezuelana.
O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, afirmou que os diretores presos assinaram em julho um acordo milionário para refinanciar a dívida da Citgo em condições desfavoráveis à Venezuela e que comprometia a refinaria americana ao colocá-la como garantia.
"Eles agiram com total sigilo, sem sequer coordenar com as autoridades competentes", disse Saab. "Isso é corrupção, corrupção do mais podre calão." Os executivos serão indiciados nas próximas horas por peculato, apropriação de capitais e associação criminosa.
Saab, que assumiu a Procuradoria-Geral em agosto, se comprometeu a comandar uma "cruzada" contra a corrupção.
Aliado do ditador Nicolás Maduro, o procurador-geral afirmou que deseja se concentrar na indústria petroleira, fonte de mais de 90% das receitas de exportação da Venezuela.
No fim de outubro, um alto executivo da PDVSA e dezenas de funcionários foram presos por suspeitas de irregularidades.
A oposição, porém, afirma que as recentes investigações não demonstram uma intenção genuína do regime Maduro de erradicar a corrupção, mas sim de conduzir um expurgo interno na administração da PDVSA.
Dona das maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela enfrenta grave crise econômica, acentuada pela queda nos preços do barril de petróleo e má administração da estatal.
Na semana passada, o governo venezuelano e a estatal petroleira foram declarados em calote seletivo pelas agências de risco, o último estágio antes do calote completo.
Hoje a Venezuela acumula uma dívida externa que se avalia estar entre US$ 120 bilhões e US$ 150 bilhões.
Até o final de 2017, a Venezuela precisa pagar em juros e parcelas de sua dívida algo próximo a US$ 1,5 bilhão e, no próximo ano, precisaria desembolsar outros US$ 8 bilhões a vencer.
Com sua produção de petróleo caindo ano a ano -em 2017 o país registrou a menor produção das últimas três décadas- e o preço do produto no mercado internacional bem abaixo do que nos anos de bonança, dificilmente a Venezuela conseguiria cumprir com seus compromissos sem ajuda externa.
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