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Sou Fujimoto, tema de mostra em SP, propõe arquitetura de impacto sem obras superlativas

RAUL JUSTE LORES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma casa construída em um terreno de 55 m² em Tóquio transformou o japonês Sou Fujimoto em sensação da arquitetura internacional. A obra, uma sucessão de caixas de vidro em diferentes níveis, empilhadas como s

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.11.2017, 02:00:00 Editado em 21.11.2017, 02:00:11
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RAUL JUSTE LORES

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma casa construída em um terreno de 55 m² em Tóquio transformou o japonês Sou Fujimoto em sensação da arquitetura internacional. A obra, uma sucessão de caixas de vidro em diferentes níveis, empilhadas como se fossem galhos, desafiou quem achava que arquitetura de impacto se fazia com obras superlativas.

Aos 46 anos, jovem no competitivo mundo das pranchetas, Fujimoto espalhou projetos e obras por lugares como Japão, EUA, China, Reino Unido, Grécia, Espanha e Chile. Ele abre nesta terça (21) uma mostra sobre seus trabalhos na Japan House, onde dá uma palestra gratuita às 16h30.

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Na verdade, são duas as exposições. No térreo, "Arquitetura Está em Toda Parte" provoca estranhamento ao colocar miniaturas de humanos sobre 70 objetos —de pacotes de batatinhas fritas a cartelas de bingo.

Cabe ao visitante imaginar a relação entre pessoas e arquitetura, como nos encaixamos ao entorno. "As maquetes desta exposição dão forma ao inconsciente e o torna consciente", disse ele à reportagem. "Objetos que a princípio nada têm a ver com a arquitetura são notados como algo que nos cerca e nos faz refletir sobre essa relação."

No primeiro andar, "Futuros do Futuro" traz peças e painéis de obras do arquiteto, como a tal casa-árvore transparente e vertical, de 2010. Além dos tamanhos diminutos e da ostentação zero, comuns à tradicional arquitetura residencial nipônica, suas casas parecem especialmente mais preparadas para um mundo de privacidade e espaço cada vez mais escassos.

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Até na China, onde o céu não é limite para arquitetos, o japonês desenhou modestas cabanas para um complexo com ateliês, galeria de arte e alojamento para artistas nos arredores de Guangzhou.

Mas ele também recebe encomendas do mundo do luxo. No Design District de Miami, que encanta turistas e políticos brasileiros, projetou um shopping com cara de galeria antiga. Em vidro azul, as lojas ficam em arcadas abertas e protegidas por quebra-sóis, com vista para uma praça —onde uma estrutura geodésica dá acesso ao estacionamento.

Na região de Omotesando, na capital japonesa, onde o quem-é-quem da arquitetura global desenha lojas para as maiores marcas da moda (Herzog & De Meuron para Prada, Toyo Ito para Tod´s, Sanaa para Dior), Fujimoto voltou a apostar no menos é mais.

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Em um terreno de 160 m2, fez um empreendimento multiuso de cinco pavimentos, com lojas, escritórios e um apartamento. O concreto é imaculadamente branco e tem vegetação escalando pelos andares. Outra casa-árvore.

"Defendo o futuro primitivo, onde a natureza convive bem com o patrimônio construído, tal como alguém descansar sob uma árvore ou encontrar abrigo em um local rochoso."

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Ele abordou esse e outros assuntos na FAU-USP, como parte da Bienal de Arquitetura de São Paulo. Para Fujimoto, bienais têm insistido na temática do "arquiteto enquanto cidadão" e colocando os processos em evidência, mas isso não sinaliza o fim da valorização do espaço construtivo.

"O espaço está ali e quando as pessoas começam a fazer suas atividades, o real valor da arquitetura surgirá."

Esta é sua quarta visita a São Paulo, uma cidade "que ainda não compreendi totalmente", ri, e onde ainda não tem nenhum projeto à vista.

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RIQUEZA REAL

Fã do arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926) na infância, abriu seu escritório em 2000, seis anos após a formatura, quando se sentia perdido quanto ao futuro.

Foi resgatado pelo pai, um importante psiquiatra que encomendou um pequeno centro de reabilitação psiquiátrica para crianças na região de Hokkaido, onde nasceu. Foi sua primeira obra —uma sucessão de cubos brancos que acabam criando uma rua, com becos e cantos mais reservados.

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"Esses locais são casas, mas também são como cidades. Um local que não seja intimidador e traga segurança, que naturalmente desperte a curiosidade, que incentive a querer fazer mais coisas", afirmou.

Evitou os corredores longos da maioria dos hospitais em seu projeto. "Eles não têm espaço para as pessoas, um canto para poder ficar sozinho ou brincar com amigos. É mais funcional do que um espaço para pessoas."

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Sou Fujimoto dá muita atenção ao tema, especialmente por viver em uma sociedade que enfrenta um envelhecimento acelerado. "Temos menos crianças e mais idosos, questionamos qual é a real riqueza. Numa manhã despreocupada, é possível apreciar a beleza dos raios de sol que entram em seu quarto?", se pergunta.

"A cidade é um local divertido onde podemos encontrar pessoas aleatórias e ao mesmo tempo cada um ter seu espaço particular, ou só um local onde as pessoas vêm e voltam?"

SOU FUJIMOTO: FUTUROS DO FUTURO

Quando: abre nesta quarta (21) e vai até 4/2; de ter. a sáb., das 10h às 22h e dom, das 10h às 18h

Onde: Japan House (av. Paulista, 52, em São Paulo-SP, tel. 11 3090-8900)

Quanto: grátis

Palestra: nesta quarta, às 16h30, na Japan House; senhas serão distribuídas uma hora antes do evento, por ordem de chegada

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