ARTUR RODRIGUES E MARTHA ALVES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma juíza morreu após seu carro ter atingido por uma estrutura de concreto que despencou da ponte da Fepasa, na região central de São Paulo, na noite de domingo (19).
A ponte foi atingida por um caminhão com excesso de altura, que trafegava por volta das 23h pela avenida do Estado, no sentido Santana.
Fragmentos caíram sobre um Honda CRV, atingindo a juíza Adriana Nolasco da Silva, 46, que teve o crânio fraturado. O motorista que estava com ela no carro saiu ileso, assim como o caminhoneiro que bateu no viaduto.
Há sinalização na ponte informando que a altura máxima permitida, que é de 4,30 m -o caminhão tem 4,46 m.
Segundo a empresa dona do caminhão, porém, haveria informações "ainda não confirmadas" de um desnível de 15 cm na pista. Um vídeo, gravado por um vereador de SP, no domingo, mostra a má conservação da ponte.
A ponte é utilizada pela linha 10-turquesa de trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que liga a Estação da Luz a Rio Grande da Serra. O movimento dos trens não foi afetado.
O motorista que dirigia o carro acidentado, Osmar de Carvalho, 53, afirmou que havia saído da casa de familiares da juíza e a levava para a casa dela, em Cajamar, na Grande São Paulo.
Carvalho afirma que trafegava a 50 km/h, quando o caminhão passou em velocidade superior à dele. "No que ele passou, o baú era maior que a altura que a ponte. Bateu lá em cima e, em seguida, já ouvi um estrondo em cima do carro, quebrou o vidro, o carro desgovernou", diz.
Policial aposentado, ele afirma que viu o motorista do caminhão tentando fugir e interceptou o veículo. Quando olhou para o lado, viu Adriana bastante ferida. "A doutora estava com muito sangue na cabeça. Não tinha sinal de vida. Eu chamei três, quatro vezes. Vi muito sangue."
O motorista do caminhão, Pedro Fernandes de Oliveira, 42, disse à polícia que transitava dentro da velocidade permitida. Segundo ele, o trajeto foi definido pela empresa para qual trabalha e controlado pro rastreamento eletrônico.
ROTA DIÁRIA
O caminhão presta serviço para a Coca-Cola Femsa Brasil. A empresa afirmou que "lamenta profundamente" o acidente ocorrido com o veículo de "transportadora terceira" e que apura o caso.
A carreta pertence à FL Logística Brasil, que também lamentou o episódio e afirmou que o veículo "transitava dentro dos padrões legais".
"Parte dos veículos da empresa utilizam este percurso como rota diária, há pelo menos cinco anos, sem registro de incidentes semelhantes", afirma nota da empresa.
A transportadora também afirmou haver informações "ainda não confirmadas de desnível na pista, de aproximadamente 15 cm". À TV Globo, a CET disse que não houve recapeamento recente. da avenida.
O caminhão foi multado por ter cometido infração grave e será apreendido após perícia policial. O veículo não tinha autorização obrigatória para veículos mais altos que o limite de 4,40 m, para circular na cidade.
No domingo, o vereador Camilo Cristófaro (PSB) postou vídeo nas redes sociais denunciando a situação da ponte e dizendo que a estrutura iria desabar. Nas imagens, ele diz ter ligado para o prefeito João Doria (PSDB) para alertar sobre risco.
Após o acidente, a Secretaria Municipal de Serviços e Obras e a Defesa Civil vistoriaram a ponte e não constataram problema estrutural.
Segundo a CPTM, a ponte é "muito sólida" e o que foi afetado foi o acabamento de concreto na parte lateral. Os reparos serão concluídos no fim de semana para não afetar a circulação dos trens.
O motorista do caminhão foi liberado após ser ouvido. A polícia apura o caso.
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