SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL
SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - O governo da Colômbia anunciou nesta sexta-feira (17) que o líder opositor venezuelano Antonio Ledezma entrou no país pela Ponte Internacional Simón Bolívar, principal acesso terrestre, conseguindo burlar as forças do regime de Nicolás Maduro.
Ex-prefeito metropolitano de Caracas, Ledezma foi capturado em fevereiro de 2015, acusado de conspiração para derrubar o chavista, e, sem sem ser condenado, ficou 1.002 dias detido, a maioria deles em prisão domiciliar.
Ele escapou de sua casa, na capital venezuelana, de madrugada e percorreu 843 km até a fronteira. "Foi uma travessia, digamos, cinematográfica. Passamos por mais de 29 postos de controle. Deus é muito grande", disse o líder opositor após chegar à colombiana Cúcuta.
"Maduro não pode continuar a torturar o povo. Enquanto paga US$ 72 bilhões em juros da dívida, tem gente que não tem o que comer."
Ele ainda pediu aos colegas que ficaram não brincar com o sentimento da população e exigir a libertação dos presos políticos antes de qualquer negociação.
Ele é contra ao diálogo iniciado na quinta (16) em Santo Domingo pela coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD), com a mediação de cinco países latinos. A previsão é que as delegações do regime e da oposição voltem a se reunir em 1º de dezembro.
De Cúcuta o antichavista foi para Bogotá, de onde partiu rumo a Madri, onde reencontrará a mulher, Mitzy. Ao sair, deixou uma bandeira à ex-deputada María Corina Machado, que o parabenizou.
"Tinha certeza que ele não permitiria que o fizessem refém da tirania. Sua vida corria perigo, agora, de onde estiver, lutará sem descanso por nossa liberdade", disse nesta sexta. "Ledezma não permitiu que a ditadura o tornasse refém desse falso diálogo".
Outro a felicitá-lo pela fuga foi o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro. "Ele agora está livre para liderar a luta, do exílio, para a restauração do sistema democrático de seu país."
Depois de Leopoldo López, também em prisão domiciliar, Ledezma é o preso político mais famoso entre os mais de 3.000 que se estima estarem sob custódia da ditadura de Nicolás Maduro.
Depois da fuga, as casas de López e de Ledezma foram cercadas pelo Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência). Os membros do regime, porém, não haviam comentado sobre a saída do dirigente opositor até a conclusão desta edição.
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