ISABELLA MENON*
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O artista plástico, fotógrafo e escultor Miguel Rio Branco, que teve a obra "Sob as Estrelas, As Cinzas" censurada pelo governo chinês na quarta (15), disse que não lhe foi explicado o motivo da censura. Mas ele a credita ao conteúdo violento da obra. "Em uma ditadura, não tem que se explicar nada."
Rio Branco estava escalado para expor na 6ª Trienal de Fotografia de Guangzhou, na China. Na obra, o artista une fotografias de tribos indígenas a imagens de estrelas e fotos da seção policial do jornal "O Povo" -publicação da chamada "mídia marrom", o periódico reproduzia fortes imagens de assassinatos.
"Sob as Estrelas, As Cinzas" pode ser vista na exposição que leva o nome do artista, inaugurada na Oi Futuro, no Rio, na última quinta (16).
A videoinstalação foi realizada em 1992, para a exposição "Arte Amazonas", época do Eco92. Segundo o artista, o "trabalho é sobre a violência nata do homem".
"Isso pode se desenvolver desde os índios protegendo seus terrenos ou uma proteção do terreno sobre a perversidade do traficante de drogas."
"É violento, mas eu acho que o trabalho não mostra as cenas de forma exibicionista", relata o artista. "Os cadáveres são fotos que eu tratei para não deixarem tão violentos."
Apesar do ocorrido, ele acredita que o governo brasileiro é pior do que o chinês."Vivemos em uma democracia de bandidos."
"Os políticos têm que entender que trabalham para o povo e não para ganhar dinheiro", afirma. "Lá [na China], pelo menos não tem problema de corrupção."
MIGUEL RIO BRANCO
QUANDO até 28 de janeiro de 2018
ONDE Oi Futuro, r. Dois de Dezembro, 63, Rio, tel. (21) 3131-3060
QUANTO entrada gratuita
*A jornalista ISABELLA MENON viajou a convite do Oi Futuro
Deixe seu comentário sobre: "Censurada na China, instalação de Miguel Rio Branco é exposta no Rio"