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Pinochetista quer Estado mínimo e linha-dura

SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - "Muitas coisas do período Pinochet foram boas, como as medidas econômicas, a saúde e a educação. Eu proponho resgatar o que houve de positivo naquele tempo", diz o candidato presidencial José

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 17.11.2017, 05:15:00 Editado em 17.11.2017, 05:15:10
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SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL

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SANTIAGO, CHILE (FOLHAPRESS) - "Muitas coisas do período Pinochet foram boas, como as medidas econômicas, a saúde e a educação. Eu proponho resgatar o que houve de positivo naquele tempo", diz o candidato presidencial José Antonio Kast, 51, que tem 6% da preferência do eleitorado para o pleito do próximo domingo (19), segundo pesquisas de opinião.

Em entrevista em Santiago, Kast diz reconhecer que houve abusos de direitos humanos durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90), em que mais de 3.000 pessoas morreram, mas que se trata de um assunto para o Judiciário.

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"A Justiça chilena, nos últimos tempos, se deixou levar muito por um espírito de vingança. Defendo que haja um indulto ou uma progressão de pena (passando à prisão domiciliar) para repressores que estejam na cadeia, mas já tenham idade avançada, doenças graves ou terminais."

Kast tem formação como advogado e pertencia à UDI (União Democrata Independente, de direita), da qual saiu para concorrer de forma independente, evitando assim disputar a primária com o agora favorito no pleito, Sebastián Piñera.

O candidato diz que, caso seja eleito, uma de suas primeiras medidas será pedir a revogação da Lei do Aborto, que permite o recurso a mulheres que foram vítimas de estupro, cuja vida esteja em risco ou em casos de má-formação do feto. Antes dela, o Chile era dos poucos países que proibiam o aborto em qualquer circunstância.

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"Defendo valores, princípios, e um dos principais é o da defesa da vida", disse. Católico, Kast tem nove filhos.

O candidato tece críticas à primeira gestão do centro-direitista Sebastián Piñera (2010-14), que para ele não atuou "com suficiente energia contra a delinquência, o terrorismo e o narcotráfico", além de ter "aumentado o tamanho do Estado, quando eu defendo um Estado austero".

MENOS GASTOS SOCIAIS

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Seu plano de governo prevê cortes nos gastos sociais, redução do funcionalismo público, fim da gratuidade universitária --durante a gestão Bachelet, houve a implementação da gratuidade para 60% dos estudantes-- e uma reforma da Previdência.

"As aposentadorias precisam ser mais flexíveis. A expectativa de vida do chileno está entre as maiores da América Latina, por volta dos 80 anos. Se temos cidadãos se aposentando entre os 60 e os 65, o Estado tem de cuidar deles por 20 anos", explica.

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Sua proposta é que a aposentadoria seja construída a partir de aportes dos próprios cidadãos, "e o Estado apenas complementaria no caso das famílias mais carentes".

Quanto à violência no sul do país, que vem crescendo devido à insurgência de grupos extremistas mapuche que reivindicam sua soberania sobre territórios da Araucania, Kast diz que é preciso usar mais o Exército e a Lei Antiterrorista --que permite prisões preventivas e contempla condenações mais duras.

"Minha concepção de terrorismo não está ligada diretamente à etnia mapuche. O terrorismo não tem etnia, o terrorismo é coisa de covardes. Se, no caso de nosso país, delitos graves como incêndios e assassinatos estão ocorrendo por conta da reivindicação violenta de alguns grupos mapuche, defendo uma linha mais dura na abordagem desse problema."

Kast praticamente não tem chances de ir ao segundo turno, mas seus votos são cobiçados por Sebastián Piñera, que tem cerca de 45% das intenções de voto e que, se não alcançar 50% mais um, disputará um segundo turno, provavelmente contra o candidato de centro-esquerda Alejandro Guillier.

"Se houver um segundo turno, Piñera provavelmente irá deslocar seu discurso para a direita, porque terá de conquistar esse eleitor mais extremo que votará em Kast", diz o cientista político Fernando García Naddaf.

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