Um dos temas abordados na novela “O Outro Lado do Paraíso”, da Rede Globo, é o nanismo. A atriz Juliana Caldas vive Estela, uma jovem rejeitada pela mãe por ser anã. Ao contrário do que acontece na ficção, a família apucaranense formada pela professora Ana Rita Raimundo, 52 anos, e o esposo, o técnico agrícola Flávio dos Santos, 53, nunca teve problemas familiares relacionados ao nanismo. “A gente não sofreu preconceito dentro de casa, apesar de todos os nossos familiares serem grandes. Pelo contrário, sempre fomos bem tratados”, explica Ana.
A professora do ensino fundamental e o técnico agrícola, que têm 1,25 m e 1,35 m de altura, são pais de André, 14, e Ana Carolina, 24. A filha do casal é mãe de Kaila, 2 anos. Todos nasceram com nanismo. Sobre a abordagem da novela, Ana acha que colocar o nanismo nas telas é algo positivo.
“Achei muito interessante colocarem uma personagem anã em evidência. A mídia vem ajudando a quebrar barreiras e a impor respeito. De uns 12 anos para cá, sinto diferença em relação ao preconceito e da forma que as pessoas nos veem”, acredita Ana. Ela conta que quando estava na escola, ainda na infância, as pessoas não sabiam muito bem como lidar com o nanismo.
“Lembro de uma vez na escola que tive que ir lanchar na sala da diretora porque as crianças ficaram curiosas para saber o que acontecia comigo. Ficavam todos em volta de mim”, recorda Ana, que é professora há mais de 30 anos e leciona na rede municipal de ensino em uma sala adaptada às suas necessidades.Para Ana e Flávio, uma das maiores dificuldades do nanismo é a adaptação, principalmente em lugares públicos.
“Quando vou lavar a mão, por exemplo, e não alcanço por causa da altura da pia, acabo pedindo ajuda para outras pessoas”, comenta. A casa da família não é adaptada, mas o carro sim, o que facilita nas tarefas diárias. “Era bem mais difícil andar de ônibus e carregar peso. Eu não consigo fazer tanto esforço”, acrescenta a professora.
Doença dos ‘ossos de vidro’
Apesar de não ter nascido com nanismo, a professora de Artes, Telma Aparecida da Silva de Lima, 48, de Apucarana, nasceu com osteogêneses imperfeita, conhecida também como doença dos “ossos de vidro”, doença de origem genética que provoca alterações na produção de colágeno. A doença de Telma prejudicou seu crescimento e ela tem 1,25 m de altura.
“Por causa da minha baixa estatura, as pessoas pensam que sou anã”, destaca. No entanto, as dificuldades em relação a mesas, balcões, caixas eletrônicos, ou seja, na estrutura em lugares públicos, são semelhantes à de quem tem nanismo. “Estabelecimentos públicos não estão adaptados para nos receber e até hoje sofro com isso. Porém, para ela, o preconceito é menor nos dias atuais. “Hoje, ainda mais agora com a novela no ar, o preconceito é bem menor do que antigamente. A personagem da novela sofre preconceito da mãe e isso deve ser a pior coisa. No meu caso sempre tive apoio da família”.
Há um ano, Telma realizou um dos sonhos de tirar carteira de motorista. Ela comprou um carro automático e o adaptou sozinha para que pudesse ter mais autonomia nos afazeres diários. “Vou para vários lugares. De vez em quando ainda pego ônibus, que ainda é difícil de andar por causa da minha altura”, comenta a professora, que é casada há 7 anos, com o operador de máquinas aposentado Luiz Carlos de Lima, 48 anos.
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