SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A primeira-ministra britânica, Theresa May, nomeou nesta quinta-feira (2) Gavin Williamson, 41, como secretário da Defesa.
Williamson, que tem ganhado força dentro do Partido Conservador, substitui Michael Fallon, que deixou o cargo após um escândalo de assédio sexual -ele é acusado de ter colocado a mão no joelho de uma jornalista durante um jantar no congresso do partido em 2002.
Em sua carta de renúncia à primeira-ministra Theresa May, Fallon afirmou que "alegações surgiram sobre membros do Parlamento recentemente, incluindo algumas sobre minha conduta no passado".
"Muitas delas são falsas, mas eu aceito que no passado eu estive abaixo dos altos padrões que requeremos das Forças Armadas que eu tenho a honra de representar", continuou a carta.
O conservador Fallon, 65, foi eleito para seu primeiro mandato no Parlamento em 1983 e comanda o Ministério da Defesa desde 2014.
Após ter perdido a maioria do parlamento em julho, May teve que agir rápido para impedir que a crise se ampliasse e atingisse ainda mais os conservadores.
"Gavin Williamson foi um excelente líder e a primeira-ministra pensa que ele será um excelente ministro da Defesa", disse um porta-voz de May.
O porta-voz também negou que Williamson tenha pressionado por sua nomeação, alegando que ele não se envolveu nas discussões para a reorganização do governo.
Williamson subiu rapidamente as fileiras dos conservadores e se mostra leal a May, em especial após ter sido selecionado no ano passado como o principal líder do partido no parlamento.
Contudo, se sobram atributos políticos, falta a Williamson experiência para liderar as Forças Armadas. Analista no setor, Howard Wheeldon afirmou estar "preocupado com a profundidade da experiência em uma área tão vital como a defesa".
Como líder do partido, Williamson foi conhecido por sua dureza e pela introdução de seu animal de estimação, uma tarântula (chamada de Cronus), em sua sala.
Ele disse aos membros conservadores na conferência anual do partido no início deste ano: "Eu não acredito muito na vara, mas é incrível o que pode ser alcançado com uma cenoura afiada".
ESCÂNDALOS
Williamson não fez declarações ao chegar ao assumir como secretário da Defesa nesta quinta-feira (2).
Descrito pelas fontes conservadoras como um "Rottweiler" político, Fallon foi um ministro de confiança capaz de enfrentar com firmeza as críticas ao governo.
O parlamento da Grã-Bretanha é a última instituição a se envolver em um escândalo sexual depois que alegações de abuso contra o produtor de Hollywood, Harvey Weinstein, levaram atrizes a compartilhar histórias sobre comportamento impróprio.
Ruth Davidson, líder dos conservadores na Escócia, disse que era hora de romper com a cultura na política onde as pessoas poderosas "usam posições de poder para exigir as coisas dos outros".
"Essa barreira já foi quebrada agora, e essas profissões dominadas pelos homens, onde a cultura dos vestiários dos meninos tem prevalecido e tudo é motivo de risada, têm que parar", disse ela à BBC.
As alegações de abuso sexual chegaram até a uma acusação de estupro feita por Bex Bailey, uma integrante do Partido Trabalhista, que disse ser vítima de um companheiro de partido em 2011, quando ela tinha 19 anos.
VICE NA MIRA
Quem também está na mira dos escândalos sexuais é o secretário de Estado, Damian Green, 61, que atua como um vice-primeiro-ministro.
A escritora e acadêmica Kate Maltby disse que Green tocou seu joelho durante um encontro em um pub e depois mandou uma mensagem "sugestiva" após uma foto dela usando espartilho ser publicada em um jornal.
Maltby escreveu no "Times" que Green "me ofereceu aconselhamento profissional e ao mesmo tempo deixou claro que estava sexualmente interessado".
Green negou ter feito qualquer avanço do tipo e classificou as alegações de "um choque completo" e "profundamente dolorosas".
O secretário de Comércio Internacional, Mark Garnier, também é acusado de assédio sexual. Ele admitiu que colocou um apelido com conotação sexual em sua secretária e que pediu que ela comprasse brinquedos sexuais.
May ordenou investigações sobre os casos.
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