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Morre historiadora Emília Viotti da Costa, 89, estudiosa do Brasil colonial

SYLVIA COLOMBO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu na manhã desta quinta-feira (2), em São Paulo, a historiadora Emília Viotti da Costa. Ela tinha 89 anos e teve falência múltipla de órgãos. O velório vai acontecer às 8h de sexta-feira (3), no Velório Sã

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.11.2017, 13:25:00 Editado em 02.11.2017, 13:25:10
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SYLVIA COLOMBO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu na manhã desta quinta-feira (2), em São Paulo, a historiadora Emília Viotti da Costa.

Ela tinha 89 anos e teve falência múltipla de órgãos. O velório vai acontecer às 8h de sexta-feira (3), no Velório São Pedro, antes de uma cerimônia no crematório da Vila Alpina.

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Estudiosa do tema da escravidão, Emília Viotti lecionou no Departamento de História da Universidade de São Paulo entre 1964 e 1969, quando foi aposentada pelo AI-5, o Ato Institucional do governo militar que endureceu o regime.

Na ocasião, seguiu para os Estados Unidos, onde foi professora emérita de história da América Latina na Universidade de Yale (EUA). Em 1999, recebeu o título de professora emérita na USP.

Ela é autora de diversos livros considerados referenciais da história do Brasil colonial, como "Da Senzala à Colônia" (1966), que estuda a transição do trabalho escravo para o livre na região cafeeira de São Paulo.

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Entre seus trabalhos de destaque está "Coroas de Glória, Lágrimas de Sangue", lançado originalmente em inglês em 1994, e depois editado pela Companhia das Letras, em 1998. O livro, misturando técnicas historiográficas distintas, trata de uma rebelião de escravos na Guiana, em 1823, época em que a região era colônia da Inglaterra.

Duramente reprimida, envolveu 12 mil escravos e incriminou missionários que haviam vindo para o Novo Mundo trazer a "mensagem de Deus". Estes religiosos foram acusados de insuflar os negros, em suas pregações, a se rebelarem contra a opressão dos senhores.

Viotti da Costa recuperou relatos dos personagens que vivenciaram o conflito e os contextualizou dentro da realidade mais ampla da crise que vivia a Inglaterra.

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Ela chamava esse livro de um "romance polifônico", por buscar, nele, incluir o maior número de vozes de atores. Em entrevista ao caderno "Mais!", da "Folha", em 1998, declarou, sobre as correntes historiográficas que predominavam nos anos 1990. "Isso que está em voga hoje, a história narrativa, eu já fazia em 1964. Mas é necessário ir além, trazendo as análises estruturativas do passado para o nível da narrativa."

"UM POVO SEM MEMÓRIA É UM POVO SEM HISTÓRIA"

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Mais recentemente, ela lançou um exaustivo estudo sobre o Supremo Tribunal Federal pela editora da Unesp.

"Nossa história é demasiado focada nas ações do Executivo, dos presidentes, é hora de examinar também o Judiciário e entender sua importância na construção da democracia", declarou, à época.

O estudo investiga o STF desde sua criação, em 1890, até sua configuração atual, dada pela Constituição de 1988.

Ativa em questões políticas, a historiadora é autora da frase: "Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado."

"Enquanto não se eliminar a influência que tem o dinheiro nas campanhas eleitorais, não teremos uma democracia plena", disse em 2001 durante um programa "Roda Viva", da TV Cultura, que soa ainda profundamente atual.

No ano passado (2016), teve sua obra homenageada por colegas em um simpósio em São Paulo que reuniu Manolo Florentino, Zilda Iokoi, Marilena Chaui e Paulo Arantes.

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