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Thriller mexicano retrata paranoia anti-imigração

GUILHERME GENESTRETI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Donald Trump sorri no pôster brasileiro de "Deserto". Embora não haja qualquer menção ao presidente americano no filme, rodado antes das eleições, o seu espectro ronda cada um dos 88 minutos do longa diri

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.11.2017, 06:00:00 Editado em 02.11.2017, 06:00:06
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GUILHERME GENESTRETI

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Donald Trump sorri no pôster brasileiro de "Deserto". Embora não haja qualquer menção ao presidente americano no filme, rodado antes das eleições, o seu espectro ronda cada um dos 88 minutos do longa dirigido pelo mexicano Jonás Cuarón.

O thriller, que entra em cartaz nesta quinta (2), usa a famigerada fronteira entre os Estados Unidos e o México como o cenário de uma perseguição a imigrantes ilegais.

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No encalço de um grupo desgarrado de hispânicos perdidos no deserto está Sam, pistoleiro ianque interpretado por Jeffrey Dean Morgan que caça os viajantes por sadismo. O ator mexicano Gael García Bernal vive um dos desafortunados que caem na mira do americano.

Vencedor do prêmio da crítica no Festival de Toronto de 2015, o filme ganhou voltagem política por sair só três meses após o mandatário republicano oficializar sua campanha e prometer erguer um muro na fronteira. A obra ganhou apelido de "o filme anti-Trump".

"Era para ser uma alegoria, uma fantasia, e virou algo quase realista. Foi uma coincidência triste", afirma o diretor em entrevista à Folha, por telefone.

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Ele diz não gostar do apelido que deram ao filme. "Faz crer que só Trump é o problema, quando na verdade ele, embora perigoso, é somente a máscara de uma retórica de ódio que está disseminada."

Esse assunto já estava no radar do diretor havia oito anos, quando ele viajava pelo Arizona. O Estado americano foi onde ganhou fama o Minuteman Project, organização paraestatal de voluntários que vigiam a fronteira, fontes de inspiração para o personagem de Dean Morgan.

Jonás não se detém nas motivações de seus personagens, imigrante ou americano. "Mataria o ritmo ter de explicar as coisas", diz o diretor.

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Mas a crítica, sobretudo a de publicações dos EUA, ficou intrigada com as razões que levam Sam a matar mexicanos a esmo. Fruto do que o diretor crê ser o estranhamento de ver um americano como vilão. "Em filmes hollywoodianos, quando botam um americano perdido no Afeganistão, nunca indagam a motivação do afegão que ataca."

A declaração do cineasta faz eco com pesquisa divulgada na última terça (31), feita por uma ONG, que mostra que metade dos imigrantes latinos são retratados como criminosos em séries de TV.

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CUARÓN PAI

Jonás, 36, é filho de Alfonso Cuarón, vencedor do Oscar por "Gravidade" (2013). Embora ambientados em lugares distintos -o último, no espaço-, os dois filmes têm em comum a luta pela sobrevivência num local inóspito.

"São filmes de gênero puro", diz Jonás, que ajudou o pai a escrever o roteiro de "Gravidade" e dele ouviu palpites para compor "Deserto".

Cuarón à parte, é Spielberg quem ressoa no longa dirigido por Jonás -"Deserto" vai na mesma toada minimalista de "Encurralado" (1971).

"Bastava um caminhão para Spielberg criar tensão. Queria reproduzir a ideia", diz o diretor mexicano, que buscou o gênero do thriller para "atrair mais público" para um filme sobre imigração.

Jonás voltará a se unir a Gael García Bernal em seu próximo filme, "Z", nova adaptação do mascarado Zorro.

"Será mais um filme de gênero com tintas sociais e políticas", afirma Jonás. "Para mim, o Zorro é um Robin Hood da Califórnia hispânica."

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