SILAS MARTÍ
NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) - Dois esforços brigam por espaço no topo da agenda de Donald Trump na Ásia.
Na viagem mais longa de um presidente americano à região em mais de um quarto de século, as prioridades serão aumentar a pressão sobre a Coreia do Norte e abrir mais os mercados para os Estados Unidos, em especial a China.
Trump, que estará no Oriente de 3 a 14 de novembro, vai primeiro ao Japão, parceiro estratégico de Washington na região.
Suas conversas com o primeiro-ministro Shinzo Abe deverão se centrar na escalada da ameaça norte-coreana e no que os japoneses poderão fazer para "promover a paz" ali, de acordo com a Casa Branca.
O americano, que reservou espaço em sua agenda para jogar golfe com o premiê japonês, vai ainda conversar com a família imperial e se reunir com parentes de japoneses sequestrados pela Coreia do Norte.
Sua pressão sobre o regime de Kim Jong-un, depois de menosprezar em tuítes os esforços de seu secretário de Estado, Rex Tillerson, de dialogar com Pyongyang, vai aumentar na Coreia do Sul, onde Trump vai visitar a base militar de Camp Humphreys, operada em parceria com os sul-coreanos.
Essa visita substitui uma aventada ida de Trump à zona desmilitarizada na fronteira com a Coreia do Norte, já visitada por seu vice, Mike Pence, e pelo chanceler Tillerson -um estrategista da Casa Branca disse que "virou um clichê" ir até o lugar.
Tal evento também poderia ser visto como um gesto de provocação ao regime de Kim, já em guerra retórica com os EUA desde que Trump ameaçou "destruir totalmente" o país em sua fala na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em setembro passado.
PEQUIM
Mas a parada crítica da viagem do presidente americano à Ásia será mesmo em Pequim.
Ali, Trump vai tentar convencer a China a aumentar ainda mais a pressão sobre a Coreia do Norte, que depende dos chineses para manter sua economia de pé, e ainda exigir do presidente Xi Jinping uma mudança de rota econômica.
Trump, que retirou os EUA da Parceria Transpacífico, dirá que a China está distorcendo o comércio global, numa referência a possíveis violações de propriedade intelectual e barreiras comerciais encampadas pela ditadura comunista.
Além de ameaçar com ações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o americano vai pedir tratamento "justo e recíproco" para firmas de seu país que operam atualmente na região.
Nesse sentido, a visita à China será um momento de morder e assoprar. Os americanos precisam de Pequim na briga contra a Coreia do Norte, mas se sentem lesados por suas medidas econômicas.
Trump segue depois para Vietnã e Filipinas, onde se reúne com líderes dos dois países. O assunto nas paradas finais de sua viagem à Ásia também será a economia, num esforço para firmar acordos comerciais bilaterais.
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