ANGELA PINHO E NATÁLIA CANCIAN
SÃO PAULO, SP E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Após o diagnóstico de febre amarela em um macaco no Horto Florestal, o governo e a prefeitura recomendaram a vacinação em três bairros da zona norte da cidade de São Paulo, onde se formaram longas filas em postos de saúde.
A detecção levou ainda ao anúncio do envio de doses extras ao Estado e à possível ampliação do horário de funcionamento de unidades básicas na região, ainda sob estudo.
O diagnóstico de febre amarela em um macaco é um indicativo de que o vírus da febre amarela, transmitido por um mosquito, circula na área.
Segundo o secretário estadual David Uip (Saúde), além do animal já diagnosticado, outros quatro foram encontrados mortos no Horto desde sexta (20). Dois estão sob investigação para a causa do óbito. Nos demais casos, a análise não é possível devido ao estado dos cadáveres.
Diante disso, para bloquear o avanço do vírus, governo e prefeitura decidiram promover uma "vacinação em círculos" ao redor do Horto, explicou o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara.
Inicialmente, serão imunizadas pessoas que vivem em um raio de 500 metros a partir do parque, em três bairros: Casa Verde, Cachoeirinha e Tremembé, em um total de 500 mil pessoas. Na segunda fase, devem ser atendidas 2,5 milhões da zona norte.
Na manhã desta segunda-feira (23), a unidade mais próxima do Horto registrava fila de mais de duas horas. Depois de ser imunizada, Eliene Santos Souza, 44, entrou na espera pela segunda vez para garantir a proteção do filho e do marido, que estavam trabalhando. "No outro posto que eu fui estava pior. Cheguei às 7h30 e recebi a senha número 195. Desisti e vim para cá."
Segundo a prefeitura, até esta segunda foram imunizadas 12.818 pessoas na região do Horto. O parque (assim como o da Cantareira) está fechado, sem data para reabrir.
A partir de quarta (25), o número de postos da zona norte que disponibilizam a vacina será ampliado de 4 para 33. Uip pediu que moradores de outras regiões da cidade evitem buscar a vacina se não forem viajar para áreas infectadas, até porque há riscos de efeitos adversos, ainda que raros. Ele diz não haver motivo para pânico.
A detecção de febre amarela em um macaco na capital paulista acontece um mês após o ministro Ricardo Barros (Saúde) declarar o fim do surto da doença iniciado em dezembro e considerado o pior já registrado no Brasil desde 1980 de dezembro a junho, foram confirmados 777 casos e 261 mortes pelo vírus no país, todos causados pela variação silvestre da doença.
Questionado pela reportagem nesta segunda-feira, o ministro disse que a morte do macaco no Horto "indica a aproximação de um novo ciclo".
"Tecnicamente não muda a avaliação [sobre o fim do surto] porque ficamos 90 dias sem registrar casos e isso indica o encerramento."
Segundo Barros, a pasta deve disponibilizar 1,5 milhão de doses extras da vacina para reforçar os estoques de São Paulo e atender emergências ou um possível aumento na procura por vacinas nas unidades de saúde. O Estado tem atualmente cerca de 1,5 milhão de doses. Na rede particular, a vacina costuma custar em torno de R$ 250.
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