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MPPR destaca direitos garantidos para prevenção e tratamento do câncer de mama

Não tinha histórico familiar. Estava com 39 anos, tinha acabado de ganhar minha terceira filha, que amamentei por dez meses. Meu perfil não indicava, mas fui diagnosticada com câncer.” O relato é da servidora Roselene Sonda, assistente social do Ministéri

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 23.10.2017, 15:53:00 Editado em 23.10.2017, 15:54:16
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Não tinha histórico familiar. Estava com 39 anos, tinha acabado de ganhar minha terceira filha, que amamentei por dez meses. Meu perfil não indicava, mas fui diagnosticada com câncer.” O relato é da servidora Roselene Sonda, assistente social do Ministério Público do Paraná. Hoje com 52 anos, Lena, como é conhecida na instituição, teve dois episódios de câncer de mama, em 2004 e 2008. 

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Enfrentou duas vezes o tratamento e segue livre da doença. Como ela, só para este ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê que perto de 58 mil mulheres serão diagnosticadas com câncer de mama no país.O mastologista Marcelo Bello, diretor do Hospital do Câncer III, do Inca, referência nacional de tratamento, conta que a maior parte desses novos casos, algo em torno de 40 mil, se concentra nas regiões Sul e Sudeste do país e apenas 1% dos pacientes são homens. 

“Apesar de ser o câncer mais frequente nas mulheres no Brasil e no mundo, ainda existe um tabu em relação a doença em boa parte da nossa população”, diz. Nesse sentido, o médico destaca a importância de campanhas de conscientização, como a iniciativa Outubro Rosa, apoiada pelo Inca. “O maior objetivo dessas ações, na minha opinião, seria retirar o medo do câncer de mama e mostrar às pessoas que receber este diagnóstico não é uma sentença de morte”, afirma. 

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De acordo com Bello, o bom atendimento nas unidades de atenção básica é fundamental para a identificação precoce da doença. “Nossos números demonstram que a quantidade de diagnósticos em fase inicial permaneceu razoavelmente estável nos últimos anos, porém abaixo do que gostaríamos”, avalia o mastologista. A partir da avaliação médica, a paciente é encaminhada para exames, como a mamografia. Para mulheres a partir de 50 anos esse exame é garantido na rede pública, pois se trata da maior faixa de risco para a doença. 

“Mais de 75% dos casos de câncer de mama ocorrem após os 50 anos”, diz o médico. “É importante salientar que, em face de uma indicação médica, para avaliação diagnóstica, a mamografia pode ser realizada no serviço público sempre que necessário, independente da idade.

Atendimento integral
A promotora de Justiça Michelle Ribeiro Morrone Fontana, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção à Saúde Pública do MPPR, destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) atende o câncer de mama tanto na prevenção, com a realização de consultas e exames, quanto no tratamento. “A rede de saúde pública deve estar adequadamente estruturada para receber todas as mulheres que buscam o atendimento”, diz. “As cidades que não possuem oferta do suporte médico especializado têm a responsabilidade de encaminhar as pacientes para o serviço de oncologia de referência da região, garantindo o acesso aos locais de atendimento, inclusive com o custeio de transporte e alimentação”, explica.

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Quando a doença é diagnosticada, o tratamento deve ser iniciado em, no máximo, 60 dias – isso é garantido por lei. A rede pública oferece todas as modalidades necessárias para tratar o câncer de mama, como cirurgias, quimioterapia, radioterapia, terapia alvo (quando indicado) e hormonoterapia. Também é assegurado à paciente, por lei, o acesso na rede pública à cirurgia plástica para reconstrução das mamas. Segundo a promotora, o MPPR pode auxiliar caso a mulher encontre alguma dificuldade, como falta de profissionais de saúde especializados, demora na realização da mamografia ou falta de medicamentos. “Nossa orientação é que primeiro busque a Ouvidoria do Município e do SUS e reporte a situação. Não havendo retorno, pode procurar o Ministério Público, por meio dos promotores de Justiça”, conta.

Informação – A ginecologista Liliane Johnscher, que atua junto ao Centro de Apoio, destaca que ações de prevenção à enfermidade devem ser adotadas pelas mulheres durante todo o ano. “Não é só em outubro que a mulher deve pensar na sua saúde”, diz. Além de consultas médicas periódicas, ela destaca a importância de atitudes cotidianas, como se manter dentro da faixa de peso indicada para a altura e idade, praticar exercícios físicos regulares e evitar o consumo de bebidas alcoólicas. “Há estudos clínicos que indicam que essas medidas podem reduzir em até 28% a incidência de câncer de mama”, conta a médica. Para os casos de diagnóstico confirmado, ela destaca a importância da informação. “É necessário que a paciente busque explicações sobre todos os procedimentos com os profissionais de saúde envolvidos no seu tratamento. É uma situação que deixa a mulher apreensiva, há o medo de morrer, de uma mutilação. Quanto mais bem informada, mais segura”, afirma Liliane.

Depoimento: “Façam a prevenção e busquem se conhecer.”
“Eu tinha acabado de ter mais uma filha, estava com três meninas, nem tinha completado 40 anos. Havia amamentado a bebê até os 10 meses. Não possuía histórico de parentes com câncer. Ou seja: não tinha nenhum indicativo clássico para a doença. Apesar disso, como tinha mamas densas, minha médica todo ano pedia mamografia, eu fazia o exame desde os 33 anos. 

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Em 2004, durante uma consulta de rotina, ela descobriu o nódulo, que não aparecia na mamografia do ano anterior. Foi devastador. Busquei apoio com terapia tão logo recebi o diagnóstico e, para mim, isso foi fundamental. Passei pelo tratamento, fiz seis meses de quimioterapia, dois meses de radioterapia e a vida seguiu. Anos depois, apareceu um nódulo em outra mama. Foi muito mais difícil, pois achava que já tinha passado por um câncer, acreditava que era algo superado, que de alguma forma estava imune. Esse segundo tratamento, apesar de realizado bem no início da doença, foi muito mais desgastante, tanto física quanto psicologicamente. Novamente me agarrei na terapia, que é algo que levo até hoje. Creio que, para mim, esse acompanhamento foi decisivo no processo de cura. Recomendo a todas as mulheres, colegas, amigas, que mantenham seus exames em dia, tenham um bom médico, façam a prevenção e busquem se conhecer. Descubram como reagem às questões do cotidiano, do trabalho, da família, o que lhes faz bem, o que não faz. Atribuo o controle da doença à minha nova condição emocional.” 

Roselene Sonda, 52 anos, assistente social do MPPR, que atua junto ao Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção aos Direitos Humanos, teve dois episódios de câncer de mama, em 2004 e 2008.

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