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Escola do Realengo ainda luta para superar tragédia de 6 anos atrás no RJ

LUIZA FRANCO RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - "Veio falar de tragédia?", pergunta o carteiro Hercilei Antunes, 57, ao abrir a porta de sua casa para a reportagem e notar o bloquinho de notas na mão da repórter. Ele mora em frente à Escola Municipal Tasso

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 21.10.2017, 08:35:00 Editado em 21.10.2017, 08:35:12
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LUIZA FRANCO

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - "Veio falar de tragédia?", pergunta o carteiro Hercilei Antunes, 57, ao abrir a porta de sua casa para a reportagem e notar o bloquinho de notas na mão da repórter. Ele mora em frente à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, onde aconteceu, em 2011, o massacre de 12 adolescentes, vítimas de Wellington Menezes de Oliveira, 23, que atirou contra os jovens na sala de aula. O episódio "inspirou" o adolescente de 14 anos que matou dois colegas e feriu outros quatro nesta sexta-feira (20), em Goiânia (GO).

Antunes não esconde a irritação. "Sabia que vocês voltariam", diz, mas logo se desculpa: "é que, se eu falo desse assunto, daqui a pouco estou chorando." Além de ter sido um dos primeiros a entrar na escola para prestar socorro, é pai de uma aluna que estava em outro andar durante o ataque.

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Está claro que o massacre de 2011 ainda é um assunto delicado para essa comunidade. "Passou, seguimos em frente, mas ninguém vai esquecer", diz Elisabete Gomes, 41, mãe de uma aluna que tinha faltado naquele dia. Uma ex-aluna que buscava seu currículo escolar nesta sexta para se inscrever na faculdade diz que até hoje lhe faz mal falar daquele dia.

Ela chegou a recusar o apoio psicológico que a escola ofereceu para não ter que tocar mais no assunto. Assim como outros colegas, pensou em mudar de colégio.

Procurada pela reportagem, a diretoria disse que não queria se pronunciar. "É para não ficar lembrando", diz um guarda municipal. Para tentar amenizar as lembranças do que aconteceu ali, a escola passou por uma série de mudanças em sua estrutura. No entorno de onde funcionava a quadra esportiva subiu um novo prédio.

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A entrada principal foi fechada com um muro, hoje pintado com homenagens aos adolescentes mortos. Outra foi aberta numa rua lateral. Também há um guarda municipal na porta todos os dias, o que é raro, senão inédito, em escolas no Rio. Tudo o que acontece é registrado em câmeras espalhadas pelo campus.

Esta sexta-feira foi um dia atípico para os alunos. Não houve aula, apenas a entrega de boletins. Na saída do turno da tarde, a maior parte dos alunos não sabia sobre o que tinha ocorrido pela manhã em Goiânia. Segundo eles, os professores não mencionaram o caso em sala de aula.

A principal atividade organizada pelos professores foi a preparação de um mural com mensagens de paz. O tema foi mera coincidência.

Não havia sido escolhido por conta das mortes daquela manhã, mas faz parte de uma celebração regular que escolas municipais organizam para lembrar outra morte, a de Maria Eduarda da Conceição, 13, alvejada enquanto corria no pátio, durante uma troca de tiros entre criminosos e policiais em Acari, em março deste ano.

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