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Saída da Cisjordânia requer negociar, diz cônsul israelense

DIOGO BERCITO MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - O diretor da organização humanitária israelense B'Tselem afirmou em entrevista recente que a ocupação da Cisjordânia é um projeto nacional de Israel. O cônsul-geral de Israel em São Paulo, Dori Goren, discorda.

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.10.2017, 06:35:00 Editado em 19.10.2017, 06:35:10
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DIOGO BERCITO

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MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - O diretor da organização humanitária israelense B'Tselem afirmou em entrevista recente que a ocupação da Cisjordânia é um projeto nacional de Israel. O cônsul-geral de Israel em São Paulo, Dori Goren, discorda.

"Se fosse, Israel teria anexado a Cisjordânia há anos", afirma Goren, 62. "O país não fez isso justamente porque a política oficial do governo é que a solução tem que ser negociada com os palestinos."

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Israel tomou o controle da Cisjordânia na Guerra dos Seis Dias (1967). Esperava-se que a ocupação fosse temporária, mas perdurou. Uma razão para isso, diz Goren, é a dificuldade das negociações: os palestinos recusaram ofertas de Israel em 2000 e 2008.

Pergunta - A ocupação da Cisjordânia é um projeto nacional, como diz a B'Tselem?

Dori Goren - Não há projeto de ocupação. Se fosse um projeto nacional, Israel teria anexado a Cisjordânia há anos. O país não fez isso justamente porque a política oficial do governo é que a solução tem que ser negociada com os palestinos. Deveria haver uma solução de dois Estados.

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Após 50 anos, por que ainda não foi resolvido?

- Muitos nos perguntamos isso. Fui soldado de Israel e desde jovem esperava ter paz. Meu filho acabou de terminar o serviço militar. Não é uma experiência agradável para nenhum jovem. É uma tragédia não haver acordo, negociação. Se o diretor do B'Tselem fosse premiê de Israel, com todas suas opiniões políticas, tampouco conseguiria um acordo com os palestinos.

Falta vontade política do lado palestino?

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- Não sei se é vontade. Mas, nas últimas negociações, cada vez que Israel fez uma proposta, não aceitaram nem apresentaram contraproposta. Se quisessem solução, poderíamos chegar a ela. Não é que Israel queira ficar nos territórios. Mas há condições, como os palestinos reconhecerem Israel como Estado judeu. Eles negam. É um dos problemas que impedem as negociações.

Palestinos exigem o direito de retorno dos refugiados.

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Eles insistem que têm direito a voltar às casas que tinham antes da guerra de 1948. Então o que está sobre a mesa não é o resultado da Guerra dos Seis Dias, de 1967, [quando a Cisjordânia foi ocupada], mas da independência em 1948.

Há preocupações israelenses quanto à segurança?

- Estamos lá porque não temos saída. Não queremos ficar nessa situação anormal, mas não podemos optar por uma retirada unilateral. Saímos de Gaza unilateralmente em 2005 e o resultado foi que a organização terrorista Hamas tomou o controle de Gaza e desde então ataca Israel sem parar.

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Não podemos nos esquecer de que estamos em uma vizinhança muito violenta. Acha que eu estou feliz que meu filho tenha cumprido seu serviço militar em Hebron? Mas a realidade é complexa.

Os assentamentos não são um projeto de longo prazo?

- Faz anos que não se constroem assentamentos. A construção que há é porque a população dos assentamentos já existentes está crescendo. E existe um debate em Israel que não pode ser negado sobre os territórios que fazem parte da "Israel histórica".

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O que seria a Israel histórica?

- O povo judeu nasceu em Hebron. Negar os laços do povo judeu com Hebron ou Jerusalém é absurdo.

A situação o incomoda? O B'Tselem diz que israelenses e palestinos são julgados por tribunais diferentes.

Incomoda a todos. É uma realidade construída durante anos por uma situação que não foi resolvida. Mas o fato de haver uma organização como o B'Tselem, sempre alerta e informando as autoridades israelenses, diz bem sobre a democracia israelense.

O B'Tselem alega que Israel não é uma democracia.

- É a opinião deles. Todos os cidadãos votam, incluindo os árabes. Os palestinos na Cisjordânia podem e deveriam ter democracia, votando para escolher autoridades palestinas. Mas há mais de dez anos não há eleição ali.

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