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Obrigamos Maduro a se expor como ditador ao mundo, diz líder opositor

SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) - Com apenas 29 anos, jeitão e discurso de dirigente estudantil, Miguel Pizarro já está em seu segundo mandato como deputado -foi reeleito em 2015, para a Assembleia Nacional de maioria opos

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 14.10.2017, 18:45:00 Editado em 14.10.2017, 18:45:06
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SYLVIA COLOMBO, ENVIADA ESPECIAL

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CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) - Com apenas 29 anos, jeitão e discurso de dirigente estudantil, Miguel Pizarro já está em seu segundo mandato como deputado -foi reeleito em 2015, para a Assembleia Nacional de maioria opositora que a ditadura de Nicolás Maduro vem tentando esvaziar.

Representante do bairro humilde de Petare, na parte de Caracas que pertence ao Estado de Miranda, Pizarro conversou com a Folha de S.Paulo neste sábado (14) na capital venezuelana.

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Folha - Quais as perspectivas para este domingo (15)?

Miguel Pizarro - Essa não é uma eleição normal, pois vamos contra uma hegemonia que está tentando fazer até o impossível para que não votemos.

Uma eleição em que se desrespeitou o calendário eleitoral, onde houve confisco de cédulas de votação de opositores, candidatos foram perseguidos, e onde até a sexta-feira (13) ainda estavam mudando seções eleitorais de lugar, justamente onde votam nossos eleitores. Essa é a configuração de uma ditadura.

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Folha - Ainda assim, vale a pena competir?

Miguel Pizarro - Sim, porque há uma maioria contra o governo que é sólida, que quer mudança. E uma eleição contra esses obstáculos que mencionei faz parte da épica de destruir as bases que sustentam esse poder.

Eu sou otimista. No interior do país, onde assassinaram pessoas, onde detiveram manifestantes, os grandes responsáveis por esses crimes foram os governadores chavistas. E o povo vai se expressar contra eles. Portanto há uma oportunidade de retirar, ainda que seja só um pouco, de poder da ditadura, e através de um mecanismo democrático, como as eleições.

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Folha - E qual é o plano para o dia seguinte até as eleições presidenciais do ano que vem?

Miguel Pizarro - Creio que o que estamos vivendo nesta eleição será a tônica das que virão daqui em diante. Enquanto os chavistas estiverem no poder, teremos eleições desvirtuadas, cheias de armadilhas e de pequenas manobras para alterar o resultado.

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Mas temos de encará-las como uma forma de ir além dos protestos de rua. Precisamos organizar a cidadania que está contra Maduro. Distribuir tarefas políticas entre os cidadãos e construir um contrapoder a partir da sociedade.

Os espaços dos governos regionais são grandes espaços de resistência. Não achamos que um governador opositor que seja eleito vá poder fazer escolas ou estradas, porque provavelmente serão perseguidos, vão cortar seus orçamentos ou cassar seus direitos políticos.

Mas isso não é negativo, porque estaremos obrigando essa ditadura a atuar cada vez mais como uma ditadura. E, com isso, vamos desnudá-los para os olhos do exterior e debilitá-los por dentro. Vamos poder destruir a simbologia que usam para se manter no poder.

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Pensamos que os governos dos Estados que vamos ganhar amanhã podem virar espaços para avançarmos nas regiões e isso vai gerar um efeito cascata que permitirá tornar mais visíveis a nossa insatisfação e nosso desejo de mudança.

Folha - Os outros países da região poderiam fazer mais do que apenas pedir mais diálogo e conciliação?

Miguel Pizarro - Sempre se pode fazer mais. Creio que seria importante que houvesse mais acompanhamento e divulgação sobre o que ocorre aqui. Esse tipo de eleição nos permite abrir um canal com o mundo, de alguma forma, simbolicamente é útil. Vai-se formando um consenso sobre que tipo de sistema temos aqui.

Folha - Fica difícil esse acompanhamento se nem observadores internacionais independentes puderam vir, não?

Miguel Pizarro - Sim, mas isso também expõe a ditadura como ela é, uma ditadura. Assim como o fato de ser tão difícil para que a imprensa estrangeira consiga entrar, driblando obstáculos no aeroporto de Maiquetía [que serve Caracas]. Essas coisas expõem o regime, há um lado bom nisso.

Folha - E como está sendo fazer campanha nesse ambiente?

Miguel Pizarro - Tivemos que entender e assumir contra quem lutamos. Portanto nossas candidaturas não podem se resumir a atos comuns de campanha, um jingle inteligente, uma cara bonita no cartaz. Há que assumir a campanha como um cenário de luta. Estou seguro de que vamos ganhar neste domingo (15), na quantidade de votos e na maioria das governações.

Mas o importante não é apenas o veredicto eleitoral, e sim a demonstração de força e de resistência diante dos obstáculos. Para mim, não vamos votar apenas em um governador, e sim já em um presidente novo.

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