Bem-humorado, o agricultor Antônio Ruela de Oliveira, de 55 anos, nem parece que passou dois dias com ferimentos graves à espera de socorro após sofrer um grave acidente na área rural de Borrazópolis (PR). O acidente aconteceu na tarde do domingo, dia 24 de setembro, enquanto o agricultor gradeava a terra. Ele foi atingido pelo maquinário após descer para tentar verificar uma falha mecânica.
Após ser atropelado, Oliveira, que teve a bacia fraturada, desmaiou e ficou por horas desacordado, mas quando retomou à consciência não visualizou ninguém nas proximidades. “Nessa hora, eu vi que o trator já não estava mais ali”, recorda. O veículo perdeu o freio e parou após bater em algumas árvores, próximo ao Rio Lambari, que fica no sítio de Antônio.
Ao perceber que estava sozinho, então, ele se levantou e caminhou cerca de 100 metros em direção ao rio, onde tomou água e ficou por dois dias à espera de socorro. Ao esperar por ajuda em vão, ele conseguiu forças para se arrastar por cerca de 3 quilômetros até encontrar um outro agricultor, que o socorreu.

Por causa do período sem atendimento médico, o agricultor teve o estado de saúde agravado. “Quando acordei, saia sangue pela minha boca, pelos meus olhos e até pelos meus ouvidos”, diz.
Nesta terça-feira (03), ele passará por uma cirurgia para reconstituir a orelha, que foi atingida por uma grave infecção. “Foi uma experiência muito difícil. Contei ali com a ajuda de Deus. Fiquei quase 50 horas sem comer nada. Na verdade, nem fome eu sentia. Só sede. Bebi água do rio”, conta.
Depois do sufoco e ao lado esposa Josefa Ramos de Oliveira, de 50 anos, o agricultor garante que está quase pronto para ir para casa e feliz com a recuperação, além de agradecido. “Agora, eu estou bem. Eu me sinto feliz e abençoado. Agradeço em primeiro lugar a Deus. Em momentos assim, a gente pensa muito na família e nos filhos e passa a agradecer a Deus pela vida”, diz.
Josefa explica que o marido, como ele havia combinado de voltar para casa somente na segunda-feira, a família demorou para perceber que algo estava errado. “Ele passa parte da semana no sítio, em Borrazópolis, e a outra parte na casa com a gente em Arapongas”, lembra.
Ainda segundo a esposa, na segunda-feira de manhã, quando ele não apareceu começou a ligar. “Liguei segunda-feira de manhã, à noite e também de madrugada. Como não atendeu, eu fiquei preocupada. E foi quando na terça-feira, a minha neta me contou o que tinha acontecido”, diz.
O estado de saúde de Antônio é estável e, em breve, deve receber alta do Hospital da Providência.
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