Hoje, 21 de setembro, é o Dia Mundial do Alzheimer, data instituída para chamar a atenção da população para a doença. De acordo com o médico neurologista e diretor técnico do Hospital da Providência de Apucarana (norte do Paraná), Eudilson Mendonça, o Mal de Alzheimer não pode ser confundido com processo natural do envelhecimento e sim uma doença que exige tratamento.
Segundo ele, a doença se configura, principalmente, por dificuldades em guardar memórias recentes. “Outros traços apresentados por pessoas acometidas pelo Mal de Alzheimer são a desorientação espacial, a perda de pontos de referência no ambiente e alterações cognitivas, podendo afetar até os movimentos em casos mais avançados”, explica.
Apesar de a causa ainda não ter sido descoberta, os pesquisadores possuem algumas teorias. “Sabemos que há um componente genético e que gera uma degeneração cerebral no paciente. Geralmente acomete pessoas a partir dos 65 anos e é mais comum em mulheres do que em homens”.
Conforme Mendonça, há algumas práticas para prevenir ou retardar a doença. “Alimentação saudável, atividades físicas, tratamento a doenças como diabetes e colesterol alto, além de adquirir conhecimentos em várias áreas são atividades recomendadas. É importante estimular o cérebro de diferentes formas”, diz.
Já o tratamento é realizado através de medicamentos que buscam controlar os efeitos da doença, como a agressividade e a desorientação. “Acredito que hoje há um maior comprometimento da sociedade com pessoas que têm o Mal de Alzheimer. As pessoas têm acesso às informações acerca da doença. Os familiares estão mais sensibilizados a auxiliar essas pessoas. Isso é algo importante e que não pode regredir”, destaca o neurologista.
Para esclarecer algumas informações que podem confundir devido a alguns mitos da 'sabedoria' popular, médicos especializados no diagnóstico de doenças genéticas esclarecem dez mitos e verdades sobre o Alzheimer.
1 - O primeiro sintoma do Alzheimer é sempre a perda da memória
MITO: apesar de ser o sintoma inicial mais comum, nem sempre a perda da memória é o sintoma que sinaliza o início da doença. Em algumas pessoas os sintomas iniciais da Doença de Alzheimer podem ser desorientação no tempo e espaço, dificuldade de linguagem, dificuldade para planejar ou resolver problemas mais complexos ou mesmo realizar tarefas corriqueiras, alterações de humor e comportamento dentre outras.
2 - Esquecer as coisas significa ter a Doença de Alzheimer
MITO: Problemas de memória podem estar relacionados a diversos fatores, como outras demências ou até mesmo estresse, ansiedade e depressão. Outras causas de esquecimento podem ser associadas a distúrbios do sono ou uso de medicamentos que afetem a memória. A doença de Alzheimer, em fases iniciais, atinge a capacidade de guardar novas memórias e as mais recentes, enquanto memória de fatos acontecidos há mais tempo (como na infância) são preservadas. As pessoas afetadas pela Doença de Alzheimer possuem um quadro progressivo de dificuldade de memória.
3 - Quem tem Alzheimer não consegue compreender o que se passa ao seu redor
MITO: o portador desta doença se mantém consciente do que está acontecendo ao seu redor, apesar das dificuldades de memória e dos outros sintomas. Apenas nos estágios avançados isso pode mudar. O importante é não tratar o idoso com Alzheimer de forma infantilizada. Deve-se preservar seu papel e espaço nas relações familiares.
4 - Jogos de raciocínio, como palavras cruzadas e sudoku, ajudam a evitar a doença
MITO: esse tipo de jogos de raciocínio podem amenizar os sintomas e até ajudar no tratamento. Porém, sua prática não evita que uma pessoa desenvolva ou interrompa a evolução da doença.
5 - Praticar atividade física é importante para pessoas com Alzheimer
VERDADE: exercitar-se pode retardar a manifestação da doença, assim como amenizar seus sintomas, além de melhorar a qualidade de vida do cuidador e paciente. Se o paciente não possui contraindicação à prática de alguma atividade física, esta deve ser incentivada e o sedentarismo evitado. Mesmo em pessoas que não possuem a doença, há estudos sugerindo que a prática regular de atividade física pode contribuir para a prevenção da doença de Alzheimer no futuro.
6 - A Doença de Alzheimer não tem cura
VERDADE: infelizmente, a doença não tem cura após seu estabelecimento. Porém, existem tratamentos que retardam sua evolução e outros que minimizam os distúrbios cognitivos, do humor e do comportamento. Alguns medicamentos podem tornar o processo mais demorado ou atacar problemas paralelos da doença, como insônia ou agitação.
7 - Cuidadores e familiares também precisam de cuidado para conviverem com a doença
VERDADE: a Doença de Alzheimer exige tanto das pessoas que cuidam dos pacientes que é preciso que elas mantenham-se física e psicologicamente saudáveis para dar conta de uma situação que gera extremo estresse. Tratar do portador de Alzheimer é também cuidar de quem está em torno dele. É importante participar de grupos de apoio, aprender a lidar com a culpa, cansaço, angústia, além de mudanças na rotina e cuidados com o paciente.
8 - Alzheimer é uma doença genética
MITO. Apenas 2 a 5% dos casos de Alzheimer são causados por mutação genética, e mesmo assim sem correlação de hereditariedade. A maioria das desordens mentais, como o Alzheimer, são aleatórias e o fator de risco mais importante é a idade.
9 - 4. Mulheres têm mais chance de desenvolver Alzheimer
VERDADEIRO. A doença de Alzheimer afeta duas vezes mais mulheres que os homens! O fato é que as mulheres vivem mais que os homens, e um dos principais fatores de risco da doença é a idade.
10 - O diagnóstico do Alzheimer é muito difícil
FALSO. Não existe um único critério específico e confiável para o diagnóstico de Alzheimer, mas uma combinação de testes, e todos disponíveis na medicina laboratorial. A combinação de anamnese, perfil neuropsicológico, imagens cerebrais e biomarcadores de líquor (proteína total tau, tau fosforilada, Beta-amilóides 1-40 e 1-42) diferenciam o Alzheimer de outras demências ainda no estágio inicial da doença. Esses testes estão todos disponíveis no Brasil atualmente, converse com seu médico.
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