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Para psicólogos e classe LGBT "Cura Gay" significa retrocesso e afronta

A decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, titular da 14ª Vara da Justiça Federal de Brasília, que estabelece que os psicólogos não possam ser punidos por estudar ou atender aqueles que buscam orientações em razão da sua sexualidade, tem gerado grand

Da Redação

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Conselho Federal de Psicologia vai recorrer à decisão. (foto - Imagem Ilustrativa)
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Conselho Federal de Psicologia vai recorrer à decisão. (foto - Imagem Ilustrativa)
Escrito por Da Redação
Publicado em 19.09.2017, 11:09:00 Editado em 19.09.2017, 23:17:23
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A decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, titular da 14ª Vara da Justiça Federal de Brasília, que estabelece que os psicólogos não possam ser punidos por estudar ou atender aqueles que buscam orientações em razão da sua sexualidade, tem gerado grandes questionamentos, debates e muita polêmica entre profissionais da área e a própria classe LGBT. Além disso, tem sido também alvo de críticas de anônimos e famosos que em sua maioria se mostraram revoltados com a determinação.

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Segundo o magistrado, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) não deve coibir seus profissionais de buscarem alternativas de tratamento aos seus pacientes. “A fim de interpretar a citada regra em conformidade com a Constituição, a melhor hermenêutica a ser conferida àquela resolução deve ser aquela no sentido de não privar o psicológico de estudar ou atender àqueles que, voluntariamente, venham em busca de orientação acerca de sua sexualidade, sem qualquer forma de censura.”

Para a psicóloga Juliana Marques Garcia Ferreira, CRP-08/19287, a decisão significa um retrocesso. “Ele manteve a integralidade da resolução, mas disse que CFP não pode impedir os psicólogos de promoverem atendimento profissional, pertinente à reorientação sexual. Desse modo, acaba abrindo espaço para essas terapias de reversão e fortalece mais ainda a patalogização das identidades LGBT e disseminação o preconceito”, afirma.

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De acordo com a profissional, o homossexual que busca na psicologia algum tipo de ajuda não tem o objetivo de “tratar” a sua orientação. “Eles nos procuram por conta da desvalorização social e moral, que é o preconceito que ele vive, de exclusão, de tentar se enquadrar em um padrão que é dito pra ele como correto. Esse é o sofrimento do homossexual quando vai pra clínica”.

Estudos apontam ainda que as terapia de reversão sexual não trazem nenhum tipo de resolução para a homossexualidade. Ainda segunda a psicóloga eles apenas “provocam sequelas e agravos no sofrimento psíquico”.

Esse tipo de tratamento é, inclusive, proibido por meio da resolução 001/1999 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e contrário ao posicionamento da Organização Mundial de Saúde (OMS) que desde 1990 deixou de considerar a homossexualidade como doença.

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Para o jornalista Bruno de Almeida, de 31 anos, a decisão do juiz, Waldemar Cláudio de Carvalho, é uma afronta a todos os direitos conquistados pela comunidade Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT). Integrante da classe, ele defende que “não existe tratamento para quem não está doente”.

“Vejo com muita preocupação o avanço desta onda de retrocessos que estamos enfrentando. O Brasil é o país que mais mata homossexuais em todo o mundo, a luta de todos nós para que a homofobia seja criminalizada é justamente para evitar que decisões absurdas como esta, que afetam diretamente a vida e a segurança social de uma grande parcela da população, reforcem ainda mais o estigma de que ser gay é uma doença”, declara.

Ainda de acordo com Almeida, a determinação é mais um embate em meio a todos que já são enfrentados diariamente. “O preconceito é fruto da intolerância e da falta de informação, os quais somos alvos frequentemente, por isso, a decisão deste juiz é um desserviço à justiça e ao bem estar de toda a população, independentemente de sua orientação sexual”, conclui.

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A DECISÃO - A determinação do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho é uma resposta à ação popular, encabeçada por um grupo de psicólogos que alegam que impedir qualquer tipo de terapia, estudo e pesquisa sobre a orientação sexual é um “ato de censura”.  
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) já se posicionou contrário, afirmando que a decisão representa uma violação aos direitos humanos e não tem nenhum embasamento científico. O CFP vai ainda recorrer à determinação. 

REPERCUSSÃO ENTRE OS FAMOSOS - Artistas e celebridades também comentaram a decisão e publicações relacionadas ao assunto tomaram a internet nos últimos dias. A jornalista Fernanda Gentil, que assumiu sua homossexualidade no ano passado, postou uma foto com um monte de remédios a sua volta e um termômetro na boca. Na legenda ela ironizou e disse: "Tentando me curar dessa doença, mas tá difícil...Paulo Gustavo obteve sucesso aí?", marcando o colega e ator, também homossexual.

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Em resposta a determinação, Paulo Gustavo também usou as redes sociais para se manifestar. Em um vídeo, ele debocha da situação e fala "Tô catando tudo que é remédio aqui para melhorar na homossexualidade, mas não tô conseguindo. Eu tô veado há muito tempo, difícil sair da crise”.

A cantora Ivete Sangalo também se posicionou sobre a decisão no Instagram. “É Brasilzão, a gente tentando ser forte, ser otimista, com inúmeras pendências que caberiam a uma administração decente resolver, e aí me resolvem dizer que homossexualidade é doença. Doentes são aqueles que acreditam nesse grande absurdo. Pessoas, pensem sobre o que é esse equívoco, absorvam a coragem e a luta dos homossexuais e apliquem às suas mofadas e inertes vidas. Tentem que vocês talvez possam ser felizes também”, declarou ela finalizando a postagem com hashtag #respeito.

Já Pabllo Vittar foi objetivo em sua manifestação ao publicar uma foto segurando uma bandeira LGBT. Ele disse apenas: “Não somos doentes”. A cantora Maria Gretchen, mãe de Thammy Miranda, também saiu em defesa da classe e estampou sua rede social com uma foto do seu filho com os dizeres “Não tenho filho doente, tenho um filho perfeito, saudável e cheio de amor”.

Entre tantas personalidades da mídia, a cantora Anitta foi uma das que também fez questão de se pronunciar. A artista pediu que os pais de homossexuais não se deixem influenciar por esta decisão. “O Brasil se devastando e as autoridades preocupadas com quem queremos nos relacionar. Isso precisa acabar. Deus, cure a doença da cabeça do ser humano que não enxerga os verdadeiros problemas de uma nação. Pais, não obriguem seus filhos a procurarem cura pra uma doença que não existe, baseados neste fato político. Essa busca interminável sim pode deixá-los realmente doentes.”

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