Um grupo de pesquisadores sob a liderança da cientista Rita Fior, da Fundação Champalimaud, optou por trocar os ratos por peixes e essa mudança proporcionou mais rapidez nos testes de eficácia de um tratamento do câncer colorretal, que possibilita meses de vantagem aos pacientes para diagnosticar a doença, além de reduzir os custos.
Um câncer é sempre difícil de tratar. Uma das dificuldades principais tem a ver com o fato de cada tumor ser diferente: uma pessoa com câncer colorretal pode apresentar um quadro diferente de outra pessoa com câncer colorretal, mesmo se o grau e o período da doença sejam idênticos. Isso resulta em que duas pessoas que acometidas dessa doença reagem de forma diferenciada a tratamentos similares.
Por conta dessa situação, os cientistas testam incialmente os tratamentos escolhidos em animais para saber como o paciente vai reagir. O animal padrão sempre tem sido o rato. Mas agora, a equipe liderada pela doutora Rita Fior trocou os camundongos por peixes-zebra – e a mudança parece que deu certo. Os resultados da pesquisa, publicados na revista PNAS, apontam que os peixes-zebra são capazes de mostrar uma reação ao tratamento usado no prazo de quatro dias.
Em entrevista à Agência de Notícias Sputnik Brasil, a pesquisadora Rita Fior que os ratos demoram meses, e os pacientes não têm meses disponíveis para esperar pelo resultado. "Já o ensaio que desenvolvemos demora 3 semanas no total. Ou seja, é possível ter um resultado no tempo de espera – enquanto as pessoas realizam exames, etc. Também faríamos este teste para ajudar o oncologista a decidir o melhor tratamento para aquele doente em particular", detalhou Rita Fior.
A cientista, no entanto, observa que este resultado ainda não significa uma vitória total sobre o câncer. "Não, os nossos resultados mostram que poderá ser possível testar para cada pessoa – as células do seu cancro [câncer] primeiro – antes de começar o tratamento para ver qual a melhor terapia – ou seja, qual a melhor quimioterapia para o tumor de cada pessoa. Por exemplo, há várias opções e os doentes tomam uma delas – se não funcionar, passam para a outra e assim sucessivamente – como sabe todas a terapias anti-cancro têm 'side effects' [efeitos colaterais] muito tóxicos. Esperamos que no futuro se consiga acertar à primeira na melhor terapia – testando primeiro as opções", acrescentou a doutora Fior.
Redução de custo
Trocar o animal comum por um outro pode ser difícil para a realização de pesquisas, mas resulta ainda em redução de custo operacional. "O modelo de peixe é muito mais barato que os ratinhos", frisa a pesquisadora, indicando qual o próximo passo da pesquisa. "Será testar a predictability do ensaio – ou seja examinando e assistindo muitos doentes teremos que ver se conseguimos antecipar qual será a resposta aos tratamentos ministrados".
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