Os trabalhos de restauração da escultura derrubada por um turista brasileiro no Museu Nacional de Arte Antiga, em novembro do ano passado, contribuiu para aumentar o conhecimento sobre as oficinas de escultura de Lisboa no século XVIII. Que tinha sido esculpida numa oficina de Lisboa não havia dúvidas, mas o nome do escultor do Arcanjo São Miguel, que em novembro foi derrubado por um visitante no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, só agora foi descoberto, no âmbito dos trabalhos de restauração que durante seis meses devolveram as características originais à escultura.
"Não há dúvidas que o nome do autor da escultura doArcanjo São Miguel é Nicolau Pinto, mais conhecido por ter sido professor de Joaquim Machado de Castro, do que pela sua carreira pessoal pessoal", disse ao Diário de Notícias, de Portugal, Maria João Vilhena de Carvalho, responsável pelo acervo de esculturas do museu e coordenadora do processo de restauração.
Sandra Costa Saldanha, do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igrejae historiadora da escola de escultura barroca em Portugal reforça: "Aliás, o único motivo pelo qual o nome de Nicolau Pinto é colocado nos anais da História de Arte é mesmo por ter sido professor de Machado de Castro". A historiadora adianta ainda que o incidente com o Arcanjo São Miguel e o processo de restauração que se seguiu, "desencadeou um processo de investigação em torno das oficinas de Lisboa no século XVIII".
Resultado: "Hoje temos já um leque documentado e sólido que ascende a 50 escultores, num período cronológico muito pequeno, concentrados na zona central da cidade e particularmente em algumas freguesias. Escultores com lojas abertas que produzem e comercializam as obras mas também têm um papel muito importante na formação de outros artistas, um deles é Machado de Castro, que foi aluno na oficina de Nicolau Pinto, em meados do século XVIII".
Outras certezas
O estudo em torno de Nicolau Pinto e as oficinas de Lisboa do século XVIII trouxe outras certezas sobre o escultor e a produção artística neste período. Segundo estudiosos portugueses, Nicolau Pinto faz parte de um grupo muito significativo de artistas, uma geração que começou a se fixar em Lisboa vinda de vários pontos do país, sobretudo da área do Porto, e começa a estabelecer contatos com aqueles que muito pontualmente iam desenvolvendo a sua atividade em Lisboa.
"Uma comunidade que começa a crescer porque vão se juntando outros oficiais, sobretudo gente ligada ao trabalho em madeiras (carpinteiros, marceneiros, etc.), muitos acabam por se transformar em escultores", frisa Sandra Costa Saldanha.
As informações são do Diário de Notícias, de Portugal
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