O vazamento da conversa entre o jornalista político e Reinaldo Azevedo e Andrea Neves, irmão do senador Aécio Neves (PSDB/MG), resultando na pedida de desligamento por parte do jornalista à revista Veja e rádio Jovem Pan na noite da última terça-feira (23) teve grande repercussão entre profissionais da imprensa devido a quebra do sigilo entre jornalista e fonte.
A Constituição do Brasil assegura o sigilo da fonte como uma garantia ao direito de informar, permitindo a um jornalista não revelar a pessoa ou o órgão de quem obteve determinada informação. Tal direito não impediu a divulgação pela Procuradoria Geral da República da conversa entre Andrea Neves e o jornalista Reinaldo Azevedo.
Em nota a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo criticou a quebra do sigilo, afirmando que tal atitude por parte da PGR representa “violação do sigilo de fonte”. A entidade avalia que a divulgação sugere “a possibilidade de se tratar de uma forma de retaliação ao seu trabalho”.
Diversos jornalistas se manifestaram em repúdio perante a divulgação do dialogo. Colega de Reinaldo Azevedo no programa ‘Os Pingos nos Is’, Victor LaRegina criticou a decisão tomada por Rodrigo Janot. “É de uma arbitrariedade sem precedentes a Procuradoria-Geral da República divulgar uma conversa de Reinaldo Azevedo com uma fonte”, disse o jornalista.
É de uma arbitrariedade sem precedentes a PGR divulgar a conversa do @reinaldoazevedo com uma fonte. É dever jornalístico repudiar esse ato— Victor LaRegina (@VictorLaRegina) 23 de maio de 2017
A colunista do jornal Folha de São Paulo foi direta em critica no Twitter: “O artigo 9° da lei que regula interceptações telefônicas é claro: gravação que não serve à prova será inutilizada”. Já a colunista do jornal "O Estado de S.Paulo", Vera Magalhães se mostrou preocupada com o cerceamento de um direito sagrado ao jornalismo. “Hoje é Reinaldo Azevedo. E amanhã?”
Caso Reinaldo Azevedo: artigo 9o da lei q regula interceptações telefônicas é claro: gravação q não serve à prova será inutilizada.— Mônica Bergamo (@monicabergamo) 23 de maio de 2017
Questionada diante dos procedimentos da delação da JBS a PGR usa um grampo para intimidar a imprensa. Hoje é Reinaldo Azevedo. E amanhã?— Vera Magalhães (@veramagalhaes) 23 de maio de 2017
Em texto publicado em seu Facebook, o jornalista Rodrigo Constantino disse que não há motivos para festejar a demissão de Reinaldo Azevedo. “Vibrar só com o que foi revelado sem se importar com como isso aconteceu é temerário. Coisa de quem realmente não liga para o Estado de Direito”.
Para o blogueiro do UOL, Leonardo Sakamoto a quebra de sigilo é inaceitável. “Quem celebra isso não entende que ou direitos e liberdades individuais valem para todos ou não vivemos uma democracia plena”, disse o jornalista em rede social.
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