Médicos brasileiros estão usando a pele de um peixe tropical para tratar vítimas de queimaduras em uma nova terapia pioneira que está reduzindo significativamente o trauma sofrido pelas vítimas. É a primeira vez na história médica que os pesquisadores usaram a pele de um animal aquático como bandagem para tratar lesões.
O novo tratamento cirúrgico desenvolvido no Ceará, com utilização da pele de tilápia como curativo temporário ou tampão, reduz o sofrimento e proporciona mais conforto às pessoas que sofrem queimaduras de segundo e terceiro graus.
Conforme o cirurgião plástico Edmar Maciel, presidente da ONG Instituto de Apoio ao Queimado e coordenador do Instituto José Frota, ambos em Fortaleza, a técnica da utilização da pele do peixe tilápia em pessoas queimadas é do também cirurgião plástico Marcelo Borges, de Pernambuco. Mas, por não dispor de condições adequadas para utilizá-la em seu Estado, Marcelo Borges compartilhou seu conhecimento com Edmar Maciel, que passou a adotar a técnica em instituições médicas do Ceará.
"Antes de aplicarmos a pele da tilápia em seres humanos que sofreram queimaduras de segundo e terceiro graus, foram feitos diversos estudos histológicos [dos tecidos do peixe] e constatamos que a tilápia tem uma maior quantidade de colágeno dos tipos 1 e 3, proteínas importantíssimas para a cicatrização de queimaduras. A partir destes estudos, aprofundamos as pesquisas para o que chamamos de fase pré-clínica. No total, foram realizadas 14 etapas, que incluíram testes em animais, para só então aplicarmos estes estudos em humanos vítimas de queimaduras de segundo e terceiro graus."
Ideia surgiu há 5 anos
Segundo Maciel, a ideia da utilização da pele da tilápia em queimados surgiu há 5 anos, e hoje. A pesquisa envolveu o trabalho de 49 profissionais da Universidade Federal do Ceará sob a coordenação do Dr. Odorico Moraes.
Edmar Maciel informa ainda que estão concluídos os estudos em pacientes com queimaduras de segundo grau, superficiais e profundas, a chamada Fase Clínica 2. "Agora, por exigência da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], terão início os estudos da chamada Fase Clínica 3, na qual serão utilizadas aplicações em 120 pacientes de ambulatório, depois em 30 crianças internadas – todas estas 150 pessoas vítimas de queimaduras de terceiro grau."
O cirurgião detalha que as queimaduras de primeiro grau (como as produzidas pelo excesso de exposição ao sol) não precisam da pele da tilápia, porque a camada mais superficial da pele humana, a epiderme, tende a se recompor naturalmente. Só mesmo as queimaduras de segundo e terceiro graus, que implicam em perda de tecido epitelial, necessitam de tal aplicação.
Queimaduras de segundo grau são as que resultam, por exemplo, de contato com superfícies aquecidas, como um ferro de passar roupa. São queimaduras que formam bolhas que necessitam ser rompidas cirurgicamente. Já as queimaduras de terceiro grau envolvem lesões profundas na pele provocadas por desastres, explosões e incêndios, contato com fogo e líquidos inflamáveis aquecidos ou qualquer outra substância de alto poder de destruição da pele.
Técnica muito proveitosa
Maciel acrescenta que a utilização da pele da tilápia em pacientes queimados tem sido muito proveitosa e se revelou muito menos dolorosa do que os procedimentos habituais, especialmente no momento da troca de curativos.
As informações são do portal statnews.com
Deixe seu comentário sobre: "Com pele de tilápia, médicos brasileiros revolucionam tratamento de queimados "