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Putin sanciona lei que permite bater na mulher uma vez por ano na Rússia

Vladimir Putin sancionou a lei que assegura aos maridos russos o direito de bater em suas mulheres e filhos uma vez por ano, com penas atenuadas. As penas mais graves, que eram aplicadas a toda agressão doméstica, agora só servirão para quem provocar frat

Da Redação

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​Vladimir Putin sancionou a lei que assegura aos maridos russos o direito de bater em suas mulheres e filhos uma vez por ano - Foto: Debating Europe
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​Vladimir Putin sancionou a lei que assegura aos maridos russos o direito de bater em suas mulheres e filhos uma vez por ano - Foto: Debating Europe
Escrito por Da Redação
Publicado em 08.02.2017, 14:00:00 Editado em 08.02.2017, 15:41:43
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Vladimir Putin sancionou a lei que assegura aos maridos russos o direito de bater em suas mulheres e filhos uma vez por ano, com penas atenuadas. As penas mais graves, que eram aplicadas a toda agressão doméstica, agora só servirão para quem provocar fraturas em ossos, ou para quem agredir duas vezes em período inferior a 12 meses. Quem só causar sangramento sem fratura, por exemplo, no máximo paga uma multa ou, no máximo, uma pena de 15 dias de prisão.

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A nova lei passou pelas duas casas do Congresso russo e causou imensa discussão: ativistas de direitos humanos reagiram de forma contundente contra a mudança na lei. É relevante ressaltar que a Rússia já registra uma morte de mulher por agressão doméstica a cada 40 minutos.

O principal argumento dos defensores da mudança da lei é que a restrição maior à violência doméstica tornava mais grave para um pai bater nos seus filhos (ou na esposa) do que para o vizinho, caso agredisse as mesmas pessoas. Evidente que a situação é de fato mais grave, já que a mulher e os filhos ficam expostos diariamente ao agressor quando ele reside na mesma casa.

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Além disso, membros da Igreja Ortodoxa se posicionaram a favor da mudança, já que se for praticada “dentro do razoável” a violência contra a mulher “faz parte da tradição russa” e que eliminá-la seria atender a uma “pressão do Ocidente”. “Tem coisas acontecendo na Europa do Norte que nem Hitler teria sonhado”, disse o chefe da comissão de assuntos familiares do Patriarcado Ortodoxo Russo, padre Dmitry Smirnov, ao The Guardian.

Putin sanciona lei que permite bater na mulher uma vez por ano na Rússia
Foto por Reprodução

O jornal inglês acrescentou que todo tipo de opinião bizarra correu pelo país durante a discussão da lei. Um tabloide sensacionalista chegou a dizer que as mulheres que apanham deveriam ficar orgulhosas pois “estudos científicos” mostram que elas teriam maiores chances de dar à luz bebês do sexo masculino.

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A lei foi considerada por alguns analistas internacionais como "absurda" e "aberração na contramão da civilização" e gerou repúdio de feministas em diversos países. Feministas lembraram da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, proposta na França há mais de 200 anos.

Declaração dos Direitos da Mulher 
Em setembro de 1791, Olympe de Gouges propôs à Assembléia Nacional da França, durante a Revolução Francesa (1789-1799), a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. Marie (1748-1793) era filha de um açougueiro do Sul da França, e adotou o nome de Olympe de Gouges para assinar seus panfletos e petições em uma grande variedade de frentes de luta, incluindo a escravidão, em que lutou para sua extirpação. Batalhadora, em 1791 ela propôs uma Declaração de Direitos da Mulher e da Cidadã para igualar-se à outra do homem, aprovada pela Assembléia Nacional. Ela se opunha abertamente a Robespierre e acabou por ser guilhotinada em 1793, condenada como contra revolucionária e denunciada como uma mulher "desnaturada".     

Preâmbulo
"Mães, filhas, irmãs, mulheres representantes da nação reivindicam constituir-se em uma assembléia nacional. Considerando que a ignorância, o menosprezo e a ofensa aos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças públicas e da corrupção no governo, resolvem expor em uma declaração solene, os direitos naturais, inalienáveis e sagrados da mulher. 

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Assim, que esta declaração possa lembrar sempre, a todos os membros do corpo social seus direitos e seus deveres; que, para gozar de confiança, ao ser comparado com o fim de toda e qualquer instituição política, os atos de poder de homens e de mulheres devem ser inteiramente respeitados; e, que, para serem fundamentadas, doravante, em princípios simples e incontestáveis, as reivindicações das cidadãs devem sempre respeitar a constituição, os bons costumes e o bem estar geral.

Conclusão
 "Mulher, desperta. A força da razão se faz escutar em todo o Universo. Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em relação à sua companheira."


Com informações do The Guardian

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