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Famílias vítimas de assaltantes mudam rotina após traumas 

Oitenta famílias de Apucarana tiveram seus lares violados por bandidos no primeiro semestre deste ano. O número revela um avanço deste tipo de crime na cidade. No ano passado foram 66 casos no mesmo período. O acréscimo de 21% representa que, por semana,

Da Redação

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Aposentada apucaranense de 76 anos foi vítima de assalto. Foto: Delair Garcia
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Aposentada apucaranense de 76 anos foi vítima de assalto. Foto: Delair Garcia
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.10.2016, 08:55:00 Editado em 17.10.2016, 21:00:55
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Oitenta famílias de Apucarana tiveram seus lares violados por bandidos no primeiro semestre deste ano. O número revela um avanço deste tipo de crime na cidade. No ano passado foram 66 casos no mesmo período. O acréscimo de 21% representa que, por semana, ao menos duas casas foram invadidas por criminosos, que além de ameaçar, em muitos casos, agridem seus moradores. 

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Em situações recentes, inclusive na área central de Apucarana, os assaltantes usaram de extrema violência com as vítimas, que necessitaram de atendimento médico e psicológico. Amedrontadas, muitas mudaram de rotina e até de endereço em nome da segurança. É o caso de uma aposentada apucaranense de 76 anos, vítima de assalto, que terá seu nome preservado. A família, que morava em apartamento, resolveu alugar uma casa para ter mais qualidade de vida e atender o desejo da matriarca, que tinha no cuidado com as plantas uma fonte de terapia. Com área para quintal, a idosa, que estava passando por processo de recuperação de um câncer de mama, tinha espaço para cultivar temperos e flores no jardim. 

A alegria de morar no local foi interrompida na noite de uma sexta-feira. Por volta das 21 horas, a filha da aposentada, que também não terá o seu nome revelado, foi surpreendida quando tentava entrar em casa de carro. “Eu sempre passava observando a rua antes de entrar. Naquele dia, eu vi os três rapazes, mas já tinham passado a calçada da minha casa. Estavam de costas para mim, como se não estivessem me vendo. Quando parei, eles voltaram correndo”, revela. 

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Nessa hora, ela percebeu o que estava por vir. Dentro da casa, os jovens (dois armados) reviravam todos os cantos em busca de joias, que não tinham. “Levaram só bijuterias, algumas finas”, afirma. Enquanto dois vasculhavam os quartos, acompanhados de outra filha da aposentada, um ficava o tempo todo na sala com a arma apontada para as vítimas. 

“Em determinado momento, a minha mãe desmaiou. Esses foram os piores minutos, porque, além do sentimento de impotência e invasão, senti que iria perder o que para nós é mais caro: a minha mãe. Achei que ela fosse morrer, que estava enfartando”, afirma. A aposentada tem em seu histórico duas angioplastias. Diante da insistência e desespero das filhas, o assaltante, que estava com a arma na sala, permitiu que pegasse o remédio de emergência da idosa, que após ingeri-lo acordou. A aposentada havia saído há dois dias do hospital, onde estava internada para controlar a hipertensão. Depois do assalto, a pressão demorou três meses para estabilizar.

Após a violação do lar, a família decidiu novamente morar num apartamento. Com lágrimas nos olhos, a aposentada garante que não quer mais morar em casa nem ter horta ou jardim. “Isso deixou de ser importante”, afirma.

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“Na primeira semana, eu não consegui dirigir. Nós ficamos três noites sem dormir, ficávamos em casa com o alarme ligado”, recorda. Depois do episódio, uma das vítimas, confessa que tem dificuldade em andar com a janela do carro aberta, em especial, no semáforo. “Ainda hoje, quando eu vejo um grupo de meninos, usando bonés, ainda me assusto”, admite. A Tribuna entrou em contato com outras vítimas, que ainda amedrontadas, preferiram não falar com a reportagem com receio de ser identificadas pelos próprios criminosos.

Do estresse ao pânico
As vítimas de crimes violentos, como assaltos, podem desencadear uma série de traumas. A psicóloga Débora Menegazzo, de Apucarana, comenta que, após a experiência, podem ocorrer quadros de estresse pós-traumático, insônia, ansiedade, depressão e até síndrome do pânico. “O desencadeamento ou não de um trauma depende de vários fatores, porque cada indivíduo reage de uma forma diante dos acontecimentos”, avalia.

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