Insônia e constantes dores fortes de cabeça, foram os primeiros sintomas da fibromialgia manifestados no corpo de Tatiane Ribeiro, 33 anos, de Rolândia. “Fiquei várias noites sem dormir a base de relaxantes muscular”, conta. A economista foi diagnosticada com a doença há 2 anos, mas convive com a fibromialgia há 5. “Vivi por três anos sem saber o que eu tinha e sem um diagnóstico”, reforça.
A memória de Tatiane também estava debilitada e as dores pioravam a cada dia que passava. O rendimento no trabalho, que na época era como bancaria, também não era mais o mesmo. “Não consegui mais cruzar as pernas e debruçar os colocar na perna, por exemplo. As roupas me apertavam e passei a usar somente roupas largas. Já cheguei a tirar o elástico de algumas. Tive que mudar o estilo de vida e me adaptar às dores e ao cansaço extremo e constante”, acrescenta.
A fadiga e as dores constantes, acabaram levando Tatiane a depressão. “Não tinha ânimo nem vontade de levantar da cama para nada. Não conseguia levantar mais os braços nem para trabalhar e comer, beber e lavar os cabelos. Acabei emagrecendo e perdendo a imunidade”, recorda.
A economista conta que chegou a procurar um médico pela primeira vez. No entanto, ele não cogitou a fibromialgia, mesmo depois de 6 meses de tratamento que foram em vão e não amenizavam os sintomas. Quando procurou outro profissional, desta vez da área da reumatologia, Tatiana foi diagnosticada com a doença.
Ela conta que o especialista fez várias perguntas e pressionou diversos pontos em seu corpo. “Ele me perguntou se a sensação que tinha era que minha carne doía. Foi aí que percebi que alguém acreditava em mim porque parece que as pessoas achavam exagero e frescura. Só quem convive com a fibromialgia sabe o que é ter que conviver com dor 24 horas por dia”, desabafa.
Em relação a medicação receitada pelo reumatologista, Tatiane diz que ajudou muito. Porém, ela continua sentido fortes dores quando se esforça demais. Além disso, ela diz que tentou praticar exercícios físicos, mas que ainda não conseguiu. “Sigo minha vida tentando diminuir minha dor numa verdadeira ‘dança das cadeiras’”, ressalta.
O que é a fibromialgia?
Você sabe o que é fibromialgia? Quem esclarece é o reumatologista Osmar Sigueoka, de Apucarana. “A doença é um tipo de reumatismo bastante comum, que geram de dores crônicas, generalizadas, sono não repousante, cansaço constante”, explica.
O médico diz que o diagnóstico é clínico, ou seja, o profissional faz o diagnóstico de acordo com o que o paciente relata e através do exame físico. “Não existe nenhum exame de sangue ou de imagem para fazer o diagnóstico de fibromialgia. Eventualmente podem ser feitos alguns exames, à critério do médico para descartar outras doenças”, reforça.
Em relação aos sintomas, Sigueoka diz que geralmente a doença acomete o corpo todo. Mesmo assim, a pessoa pode sentir alguma dor mais forte em um local específico, mas no geral ela é difusa. Outros agravantes citados pelo médico é alteração no humor e diminuição da atividade física, o que piora a condição de dor.
Na opinião do médico, a crença de que a fibromialgia é uma doença exclusivamente psicológica é muito comum, até dentro da classe médica. “É difícil para quem não tem a doença ou para quem não é especialista, entender que uma pessoa aparentemente saudável, com exames todos normais pode ter tanta dor”, complementa.
Sigueoka diz que até mesmo as pessoas mais próximas dos pacientes têm dificuldade de aceitação da doença. “O fato das pessoas não acreditarem na doença é um fator de piora para o paciente, uma vez que a pessoa passa a ter vergonha de queixar-se com o familiar e até mesmo com seu médico”, ressalta.
A Fibromialgia não é só psicológica, porém muitos distúrbios psicológicos são associados a pelo menos 40% dos casos. “O paciente pode apresentar ansiedade, depressão, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo”, sublinha.
A causa da fibromialgia, segundo o reumatologista, ainda é desconhecida, porém, diferentes fatores, isolados ou combinados, podem favorecer a manifestação da doença, como doenças graves, traumas emocionais ou físicos, e mudanças hormonais.
Ainda de acordo com o médico, a doença pode piorar com o tempo caso não seja adequadamente tratada. Muitas vezes, Sigueoka diz que o paciente chega no consultório com histórico de anos de dor, sem diagnóstico, com uma montanha de exames que não ajudaram em nada. “Não existe medicamento que curte a doença, porém, é possível o controle da fibromialgia com tratamentos com remédios”, pontua.
Apesar de causar sofrimento aos pacientes, segundo o profissional, não é uma doença grave, não causa deformidades e muito menos é fatal. O tratamento consiste também na mudança do estilo de vida, praticando exercícios físicos orientados e atividades de lazer, que tragam relaxamento, uso de medicações específicas para fibromialgia, como analgésicos potentes. “Algumas vezes faz-se necessário o acompanhamento a Psiquiatria e ou Psicologia”, complementa.
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