“Ele salvou a minha a vida sem querer nada em troca e sem ao menos me conhecer”. A frase é da microempresária apucaranense Aline de Souza Durigon Ramos, 32 anos, que passou por um transplante de medula em agosto do ano passado. Do doador, ela sabe apenas que é um jovem de 19 anos e que mora no Rio Grande do Norte.
“Serei eternamente grata a ele por esse lindo gesto. Espero um dia poder conhecê-lo pessoalmente e poder agradecer”, acredita.
A leucemia, câncer no sangue, foi diagnosticada em 2014, após uma febre, seguida de dores no corpo. Aline conta que foi um choque, pois perdeu a mãe por um problema de saúde semelhante. No entanto, a microempresária já havia passado por um câncer no ovário seis anos antes e soube lidar melhor com a situação.
A esperança da cura da doença veio três meses depois de entrar na fila de transplantes, quando recebeu a notícia de que havia um doador compatível.
“Foi uma mistura de sentimentos: medo, alegria e emoção. Chorei o dia todo. Infelizmente minha mãe também poderia estar aqui, mas não deu tempo de fazer o transplante também”, lamenta.
Por recomendação médica, Aline está voltando aos poucos para o trabalho e conta com o apoio do esposo Nilton César ramos, 41 anos.
“Voltei a trabalhar agora, o cabelo está crescendo, meus remédios estão acabando. Agora é vida nova”, comemora. A recuperação da apucaranense é tão positiva que ela e o esposo estão na fila de adoção e estão prestes a dar um grande passo na nova etapa. “Por conta do primeiro problema de saúde tive que tirar os ovários e o útero. Por isso, vamos adotar em breve”, acrescenta.
O mesmo gesto que salvou Aline, foi feito por Edicarlos Aparecido Geremias, técnico de suporte do Núcleo Regional de Ivaiporã. Ele é o doador que ajudou a salvar a vida de um paciente na Suíça. Ele conta que entrou no Redome (Registro Nacional de Medula Óssea) durante uma campanha que tentava encontrar doadores para a sobrinha de uma colega de trabalho.
Em fevereiro deste ano, para a surpresa de Geremias, ele recebeu um telefonema do Redome informando que era compatível com alguém, um paciente na Suíça. “Pediram que eu comparecesse a um Hemocentro mais próximo, para fazer uns testes mais refinados de compatibilidade. Veio a confirmação e no início de maio, custeado pela Redome, fui a Porto Alegre para fazer a doação”, recorda.
No caso de Geremias, a equipe médica suíça indicou que a coleta do material fosse realizada por uma máquina especial, chamada de aférese. Neste caso, não há a necessidade de anestesia ou internação hospitalar, somente o uso de medicamento injetável que estimula as células migrarem da medula óssea para o sangue. “É parecida com uma máquina de hemodiálise. Só que em vez de filtrar o sangue, a máquina faz a separação das células da medula com o sangue”, conta.
O procedimento durou três horas. Outra forma de coletar células é pela própria medula óssea. É feita por punções aspirativas de osso da bacia, com o doador submetido à anestesia. Pai de um casal, Geremias diz que não fez mais que a obrigação. “Não sei quem é o paciente e jamais vou ficar sabendo. Mas, a partir do telefonema senti que era responsável pela vida dessa pessoa. Me sinto muito feliz em poder ajudar alguém a continuar vivendo”, relata Geremias.
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