Foto por Reprodução
Nascida em Rosário do Ivaí, no norte do Paraná, Inez de Souza Carvalho, de 45 anos, é conhecida atualmente nas ruas de Paranaguá, no litoral do Paraná, e nas redes sociais como a Freira do Rap. Inez, única da família a seguir a vida religiosa, mais uma vez, resolveu apostar no hip hop para passar sua mensagem para o público. Só que desta vez, o rap não era para evangelizar, e sim para conscientizar sobre o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus.
O rap “Brasil sem mosquito” foi publicado no YouTube no último dia 12 e já tem quase 20 mil visualizações. “É tão pequeno. Inofensivo. Mas não se engane: é um perigo. Se não cuidar, pode aumentar. Se ele picar, transmite vários vírus. Vamos alertar e trabalhar, para o Brasil livre ficar”, diz um trecho da letra. “A ideia de fazer um rap pedindo a conscientização surgiu após um pedido de um médico, que meu amigo”, revela.
Após ouvir a sugestão, a freira resolver compor o rap. Com tudo pronto, ela, acompanhada de vários jovens, gravou o clipe para ser postado no YouTube. “Sou uma pessoa das ruas”, resume a explicação pela escolha do hip hop. Ela faz questão de lembrar que o gênero musical foi o meio encontrado para conseguir se comunicar com os jovens em situação de rua ainda durante seu noviciado no Convento Copiosa Redenção, de Ponta Grossa.
Há 23 anos, madre Inez decidiu entrar para a vida religiosa. A decisão não foi fácil, uma vez que o pai Aparecido Martinelli (já falecido) não aceitava a vontade da filha. “Rezei muito. Durante mais ou menos dois anos até que ele e toda a minha família aceitasse. Quando aceitou, eu fui para Ponta Grossa”, recorda. A mãe Leonor Martinelli e os irmãos Diermes, Marcos e Elcio ainda moram no pequeno município de Rosário do Ivaí.
Ao entrar para o convento, madre Inez recebeu a missão evangelizar meninas e meninos em situação de risco em Ponta Grossa. “Era impossível conseguir falar de Deus com eles de maneira convencional. Certo dia, eu tive a inspiração de falar de Deus usando a linguagem deles e, neste momento, veio a ideia do rap”, conta.
A partir desta inspiração, a religiosa passou a compor vários raps e conseguiu estabelecer um diálogo direto com os jovens. “Com este trabalho conseguimos tirar vários jovens das ruas e até das drogas e prostituição”, afirma.
Diante da grande aceitação, que ocorreu em 1999, madre Inez passou não só a cantar nos grupos de evangelização, mas também a fazer shows em outras cidades e a participar de programas de televisão. O primeiro CD gravado foi “Brilho da Misericórdia”. Ela também acabou recebendo o título de Madrinha do Movimento do Hip Hop no Paraná. “A música era um sonho meu desde a infância, que eu realizei dentro do convento”, revela. Ao todo são seis Cd´s gravados até hoje.
Ela realiza shows de evangelização por todo Brasil. “Já estive várias vezes em Apucarana para pregar durante retiros. Eu tenho um carinho muito especial pela região”, confidencia.
Veja o clipe
Fundação Comunidade Milagre Eucarístico
Madre Inez ficou treze anos no convento Copiosa Redenção em Ponta Grossa, onde se destacou com o trabalho de evangelização de pessoas em situação de risco através do rap. Em 2006, ela sentiu a vontade de expandir seu trabalho. “Eu sentia um carisma muito forte para seguir trabalhando neste sentido. E nesta época, o bispo de Paranaguá Alfredo Ernest Novak (já falecido) também queria alguém que trabalhasse mais diretamente na rua e me convidou”, recorda.
A religiosa aceitou e fundou, em Paranaguá, a comunidade religiosa Milagre Eucarístico, que trabalha na evangelização, acolhimento e encaminhamento de pessoas em situação de rua. Além da fundação, a comunidade mantém casas em Pato Branco e Antonina.
Serviço:
http://www.milagreeucaristico.com.br
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