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Bolsistas já estão atuando e ajudam a desafogar trabalho do Lacen

O biomédico e farmacêutico Diogo Fanhani Silveira acompanhava em isolamento domiciliar e à distância as notícias do combate ao novo coronavírus no Paraná até meados da semana passada. Nesta quarta-feira (1°), depois de sete dias, ele já cumpria expediente

Da Redação

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Bolsistas já estão atuando e ajudam a desafogar trabalho do Lacen
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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.04.2020, 10:14:00 Editado em 02.04.2020, 10:22:09
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O biomédico e farmacêutico Diogo Fanhani Silveira acompanhava em isolamento domiciliar e à distância as notícias do combate ao novo coronavírus no Paraná até meados da semana passada. Nesta quarta-feira (1°), depois de sete dias, ele já cumpria expediente como profissional do Laboratório Central do Estado (Lacen-PR), em São José dos Pinhais. A mudança tem nome e sobrenome extensos: Programa de Apoio Institucional para Ações Extensionistas de Prevenção, Cuidados e Combate à Pandemia do Coronavírus.

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“Sou recém-formado e estava procurando emprego, em casa. E diante desse quadro de pandemia da Covid-19 deu vontade de ajudar, voluntariar, principalmente sendo profissional da saúde. Alguns familiares indicaram esse edital e agora já estou ajudando. É um trabalho bem intenso e gratificante”, afirma Silveira. 

Ele é um entre os 1.064 profissionais contratados com bolsas pelo Governo do Estado para todas as regionais da Saúde, postos de divisa rodoviária e o Laboratório Central, para dar mais reforço ao trabalho de combate ao coronavírus. O programa é inédito no País nesse segmento e envolve investimento de R$ 8 milhões.

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Foi desenvolvido pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Secretaria da Saúde, Fundação Araucária, as sete universidades estaduais do Paraná e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para a biomédica Vivian Cristiane Monteiro Pereira, doutoranda em farmacologia, essa temporada de trabalho no combate ao novo coronavírus é uma oportunidade de devolver à sociedade todo o conhecimento acumulado em uma universidade pública.

“É uma rotina cansativa, mas gratificante. Minha formação foi pública, o mínimo que posso fazer nesse momento é devolver a ajuda. Alguns colegas indicaram o link e o edital, e está dentro da minha área, o interesse foi imediato. É importante contribuir nesse momento”, destaca.

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A biomédica e bolsista Beatriz Kochem Martin tem especialização em reprodução humana e não titubeou quando o edital foi lançado. “É uma rotina bem corrida, estamos nos adaptando, mas é muito interessante. Abre diversas possibilidades para aprender novas técnicas. Para um profissional da saúde é bom para contribuir nesse momento de crise”, destaca.

O Lacen já conta com oito bolsistas e nas próximas semanas mais dois serão chamados para complementar o quadro e possibilitar alternâncias nos turnos, uma vez que o laboratório ampliou seu horário de funcionamento (das 7h às 23h). Eles poderão ajudar a Secretaria da Saúde por quatro meses, com possibilidade de extensão para oito meses.

TRABALHO – No Lacen, os bolsistas estão encarregados de ajudar na gestão administrativa dos exames que chegam de todos os municípios do Paraná, nas fases de pré e pós laboratorial. O laboratório faz 600 testes por dia e é um dos responsáveis pelo fornecimento de dados para a elaboração do boletim epidemiológico. O documento é divulgado diariamente e serve como termômetro da circulação viral no Estado.

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Os bolsistas desafogaram os trabalhos administrativos dos biólogos moleculares que trabalham diretamente dentro dos laboratórios. Segundo a diretora-técnica do Lacen, Irina Riediger, o reforço foi pontual.

 “É um laboratório bem montado, um dos melhores do País, mas que precisava de mais profissionais nesse momento. Fizemos a seleção das pessoas e eles passaram por uma acolhida sobre os cuidados de segurança, que são peculiares para esta abordagem, para este tipo de exame”, afirma.

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A rotina dos bolsistas segue uma lógica que permite que o Lacen divulgue em até 72 horas se o material coletado apresenta indícios do vírus ou não. “Fazer um exame não é simplesmente receber a amostra, abrir o tubinho e colocar em uma máquina. Existe uma série de trâmites burocráticos antes da amostra entrar no laboratório e depois que o resultado ficar pronto”, explica Irina.

“A fase pré-analítica envolve abrir as caixas, verificar o cadastro, as requisições, atribuir numeração, organizar os tubos, transportar entre os setores, protocolos. A pós-analítica envolve interpretação dos controles internos de qualidade, ajuda nos controles externos, planilhamento, acompanhamento, arquivamento”.

No caso de suspeita da Covid-19, cada uma das amostras é submetida a vários testes. A pesquisa envolve os seis vírus que mais circulam, comparando dados e informações de anos anteriores, mais o teste para a identificação do novo coronavírus.

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 “O teste padrão ouro, o RT-PCR, é muito minucioso. Tem muitas etapas artesanais. Envolve abertura das caixas, transferência de tubos, processamento para extração do RNA, montagem e distribuição dos insumos usados para fazer o exame, termociclagem, que é o exame em si, análise e reanálise, digitalização e liberação dos resultados”, acrescenta Irina. “Com uma amostra esse processo demora 24 horas. A nossa rotina atual é de 600 testes por dia”.

MAIS FUNCIONÁRIOS - O Governo do Paraná reforçou em mais de 20% o quadro de profissionais do Lacen. O número de funcionários deve chegar a 73 com o ingresso de dez bolsistas, dois profissionais temporários e um profissional que virá de um convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas-Brasil). Os bolsistas foram alocados para as fases pré-analítica e pós-analítica e ajudaram a desafogar os trabalhos administrativos, que antes eram executadas pelos biomédicos que trabalham nos laboratórios.

A diretora-geral do Lacen-PR, Célia Fagundes Cruz, destacou que o reforço no quadro funcional ajuda a manter o compromisso de 600 exames por dia e prazo de 72 horas de resultado. “Foi uma medida fundamental para dar agilidade aos exames. Estava ficando inviável manter essa rotina. São 600 exames de biologia molecular, que é um processo complexo, que exige muitas etapas”, arrematou.

BOLSAS - A primeira etapa do Programa de Apoio Institucional para Ações Extensionistas de Prevenção, Cuidados e Combate à Pandemia do Coronavírus disponibilizou 796 bolsas em dez regionais de saúde e a segunda complementou 268 em outras 12 cidades do Estado.

As primeiras foram para técnicos de laboratório e enfermagem, farmacêuticos, enfermeiros e médicos. Os bolsistas já começaram a atuar sob supervisão da Secretaria da Saúde auxiliando no atendimento em centrais de informações, nas divisas rodoviárias, nas unidades de saúde, hospitais e outros estabelecimentos da área, junto ao Lacen e ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). O segundo edital atende também o sistema penitenciário.

PROJETOS - Os projetos extensionistas de combate ao coronavírus foram elaborados por pesquisadores em diferentes áreas do conhecimento das universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM), Ponta Grossa (UEPG), Centro-Oeste (Unicentro), Oeste do Paraná (Unioeste), Norte do Paraná (Uenp), Estadual do Paraná (Unespar) e Universidade Federal do Paraná (UFPR).

“Unimos a qualidade dos nossos pesquisadores, profissionais e estudantes da área da saúde em prol do mesmo objetivo. Pela capilaridade das nossas universidades estaduais, a iniciativa possui uma grande abrangência em todo o Estado, permitindo que atendêssemos as 22 regionais de saúde, possibilitando o enfrentamento da pandemia de maneira ampla e imediata”, destacou Aldo Bona, superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. “É um aporte adicional de profissionais e estudantes para atender o Estado”.

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