As exportações da indústria moveleira de Arapongas ultrapassaram US$ 39 milhões entre janeiro a novembro deste ano, segundo levantamento feito junto ao Ministério da Indústria, Comércio exterior e Serviços. O montante corresponde a 61,8% do volume total exportado pelo município no período: US$ 63,4 milhões. Os dados mostram que Arapongas responde por 41% do total das vendas externas dos municípios da região (R$ 152 milhões), sendo que apenas os móveis somam 25% do total.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), José Lopes Aquino, o bom desempenho do setor moveleiro é resultado de duas décadas de relacionamento com a clientela internacional. Essa tradição de exportação, segundo ele, consolidou uma estrutura de clientes fiéis que permite níveis razoáveis de negócios, até mesmo em momentos não tão favoráveis.
Aquino, contudo, confirma o que os números já apontam. As exportações de 2022 não vão superar o acumulado de 2021. Aquino explica que o setor enfrentou dificuldades no primeiro semestre deste ano em função dos custos logísticos, com fretes marítimos caros, um reflexo da situação pandêmica. “No segundo semestre deste ano houve uma retomada mais forte nos pedidos e a gente recuperou bem, mas provavelmente 2022 vai fechar um pouco a baixo de 2021”, analisa.
A expectativa do empresário é que a estrutura de relacionamento internacional possibilite que a indústria moveleira feche 2023 com os números de 2021, quando a indústria de móveis exportou mais de US$ 61,8 milhões.
A redução também ocorreu no mercado interno. Por isso, muitas empresas concederam férias coletivas no final do ano por conta do excesso de estoques. O secretário municipal de desenvolvimento, Inovação, Trabalho e Renda, Nilson Violatto, destaca que o processo de industrialização e a melhoria no desempenho dos produtos fabricados em Arapongas possibilitou uma melhor participação no mercado internacional. “Antigamente a gente focava no mercado nacional. Mas a globalização desses movimentos de exportação mais facilitados permitiu que Arapongas pudesse se posicionar melhor industrialmente e comercialmente no mercado internacional”, assinala.“A expectativa é recuperar a queda deste ano, até porque os fretes continuam reduzindo os preços”
- José Lopes Aquino, sima
OUTROS PRODUTOS
Além de móveis, Arapongas também comercializa glândulas e outros órgãos animais, soja, plantas, tripas, carne bovina, bicicletas, lâmpadas, fornos industriais, entre outros produtos. Os países que mais importam de Arapongas são Chile, Peru, Paraguai, Uruguai, África do Sul, Índia e China.
Brasil precisa ser mais competitivo, avalia economista
Na avaliação do economista Marcelo Vargas, professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de Apucarana, o Brasil precisa ser mais competitivo no sentido de conferir mais qualidade, preço e inovação aos seus produtos, melhorando seu desempenho no comércio internacional.
“O nosso desempenho é baseado no que a gente tem, no alto custo de produção, custo de mão e obra, que é muito cara. Falta política industrial e de inovação nos governos. Desde quase sempre nosso país peca por uma política forte e mais intensa para obter um produto competitivo”, analisa o professor.
Sobre o recuo nos índices, o economista explica que esse movimento de queda começou a se desenhar no segundo semestre de 2021. De acordo com ele, as exportações seguiam em um determinado ritmo, que foi interrompido pela pandemia. Depois, com a retomada, houve um consumo excessivo em função da retenção desse consumo durante a pandemia.
“A projeção para o próximo ano, infelizmente não é boa. O desenho que vem se mostrando nas exportações é de uma tendência de queda motivada pela recessão da economia mundial, pela alta inflação que está circulando no mundo e pela taxa de juros dos bancos centrais dos países”, analisa o economista.
Região vendeu US$ 152 mi para o exterior
Entre janeiro a novembro, os nove municípios da região com atividades no comércio internacional atingiram US$ 152,5 milhões com exportações. No mesmo período do ano passado, a região exportou US$ 190 milhões, uma queda de 19,72%.
Depois de Arapongas, São Pedro Ivaí é o segundo maior exportador da região. O município atingiu US$ 35,2 milhões, sobretudo com o comércio de leveduras e preparação para ração animal. Entre os parceiros estão Estados Unidos, países do Mercosul, Europa e Ásia. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda de 19,72%.
Na terceira posição está Apucarana que atingiu US$ 24,9 milhões com o comércio no exterior. Os produtos mais vendidos lá fora são tecidos (30%), couro (16%) e farinha e cereais (16%). No geral, mais de 20 países fecharam negócios com o município neste ano. Em comparação com o mesmo período de 2021, houve queda de 30,7%.
Jandaia do Sul também colaborou com o saldo de exportação regional, atingindo US$ 22,7 milhões. No comparativo com o ano passado, houve aumento de 29,2%.
Por, Cindy Santos
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