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Marketplace abre espaço para pequenos negócios de móveis no Paraná

Com sites de vendas, micro e pequenas empresas de Arapongas, no Norte do Estado, disputam de igual para igual com grandes e viram aposta no município

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 06.03.2023, 11:15:19 Editado em 24.04.2023, 14:27:17
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Por Fernando Klein

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Quando o assunto é o polo moveleiro de Arapongas, no Norte do Paraná, a primeira imagem é das grandes empresas do segmento na cidade. Não é por menos: Arapongas é o segundo maior polo moveleiro do Brasil. São sete parques industriais na cidade, formados por cerca de 300 empresas, que empregam 12 mil trabalhadores e movimentam mais de R$ 2,6 bilhões por ano.

No entanto, as tradicionais fábricas instaladas nos parques industriais estão longe de ser a maioria em Arapongas. Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), obtidos junto à Receita Federal, os pequenos negócios estão ganhando espaço no município movidos pelo marketplace, que são os grandes sites de vendas eletrônicas do país. Das 748 empresas que atuam na fabricação de móveis e de produtos de madeira, apenas 81 são de médio e grande portes. As demais são ME (Microempresas), 425; EPP (Empresas de Pequeno Porte), 83; e Microempreendedores Individuais (MEI), 159.

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Leia mais: Chaveiro histórico é furtado de exposição em Arapongas

O aumento dos empreendimentos de menor porte, especializados principalmente na produção de estofados, vem chamando atenção do poder público e também das instituições ligadas à indústria. Para incentivar esses empresários, a Prefeitura colocou em prática algumas iniciativas para garantir a manutenção desses negócios, que aumentaram principalmente na pandemia de covid-19.

Da mesma forma, a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) e o Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima) também anunciam ações para colaborar com as vendas, inclusive para o mercado exterior.

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Muitas dessas empresas são formadas por ex-trabalhadores de empresas tradicionais do segmento, que decidiram abrir seus próprios negócios. Em grande parte desses casos, as pequenas fábricas funcionam no fundo de casa ou em pequenos espaços alugados.

A consultora do Sebrae de Arapongas, Cinara Tozatti, afirma que houve um “boom” de novos negócios durante a pandemia de covid-19. Segundo ela, muitos trabalhadores decidiram investir nos próprios empreendimentos porque perderam o emprego ou porque viram uma janela de oportunidades. Apesar da tragédia humanitária, as vendas de móveis, principalmente de poltronas e cabeceiras de camas, aumentaram muito nesse período por conta do isolamento.

“Com muito tempo disponível em casa, as pessoas começaram a perceber as falhas do mobiliário e, com um clique na internet, decidiram renovar o sofá ou comprar uma nova poltrona”, comenta.

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Com o marketplace, Cinara assinala que os pequenos empreendedores podem competir de igual para igual com as grandes empresas nas vendas. Há grandes sites eletrônicos que firmam parcerias com essas empresas, como o Mercado Livre, B2W, Magazine Luíza (Magalu), Shoppee, entre outros.

“O e-commerce foi muito forte na pandemia, com grande demanda por novos produtos. Agora, com a economia estabilizada e as vendas retornando a um padrão anterior, essas pessoas que abriram seus próprios negócios estão tendo mais dificuldades, principalmente aqueles que não estavam preparados financeiramente”, afirma Cinara.

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Diante desse cenário, o Sebrae abriu suas portas para esse público que precisa de ajuda na gestão do negócio. “Durante a pandemia, com as vendas em alta, muitos não tiveram essa preocupação de se estruturar e, com isso, estão encerrando os seus negócios”, comenta.

Abimóvel lança projeto para esse segmento

A Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) também percebeu o potencial desses empreendedores, inclusive para vendas externas. Em parceria com o próprio Sebrae e o Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima), a associação lançou no final do mês passado em Arapongas o Projeto de Desenvolvimento, Competitividade e Integração da Indústria do Mobiliário, o PDCIMob. A iniciativa é voltada justamente para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas do setor moveleiro nacional. Estão previstas ações de inteligência setorial, melhoria da competitividade e aproximação comercial.

Cinara Tozatti, consultora do Sebrae de Arapongas, explica que o projeto vai trabalhar na estruturação das empresas interessadas e também vai promover rodadas de negócios em todo país, inclusive com clientes internacionais. “É uma grande oportunidade para esses pequenos empresários. No entanto, são apenas 200 vagas no Brasil inteiro e os interessados precisam correr”, diz.

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Das mais de 300 empresas associadas ao Sima, apenas 50 são consideradas de pequeno porte. A entidade é formada, em sua maioria, por médias e grandes empresas da cidade. Mesmo assim, o Sima está apoiando o surgimento desses negócios menores como forma de fortalecer o segmento de modo geral.

O presidente do sindicato, o empresário José Lopes Aquino, afirma que, durante a pandemia, houve uma grande demanda de móveis porque as pessoas estavam em casa e decidiram renovar o mobiliário fazendo compras pela internet. Assim, a produção aumentou e muitos pequenos empreendedores surgiram em Arapongas. “Estamos apoiando essas empresas de menor porte, principalmente incentivando a qualificação da gestão do negócio para que fiquem no mercado”, diz Aquino, observando a parceria com o Sebrae-PR nesse sentido.

Prefeitura abre espaço em seus parques industriais

A Prefeitura de Arapongas pretende ampliar os incentivos a essa fatia do setor produtivo de móveis. O prefeito Sérgio Onofre da Silva (PSC) incluiu os pequenos negócios no planejamento do setor público, principalmente por conta do grande número de empregos gerados.

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“O sofá é produzido quase que artesanalmente. Não tem máquina que faz o sofá. Exige mão de obra e isso gera muito emprego em Arapongas”, afirma o prefeito. Para atender a essa crescente demanda, ele reservou vagas para essas micro e pequenas empresas no Parque Industrial Francisco Marcos Pennacchi, inaugurado em 2021 nas proximidades da Expoara – Centro de Eventos.

“A pandemia fez crescer em Arapongas o número de pequenas empresas, principalmente de sofás e poltronas, mas também de microprodutores que fornecem para as grandes empresas do segmento em Arapongas”, assinala Onofre.

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O secretário Paulo Grassano, que acabou de assumir a Secretaria de Desenvolvimento, Inovação, Trabalho e Renda, anuncia atenção especial para esse público. Segundo ele, novos parques industriais a serem criados vão atender também as pequenas empresas.

Ele participou do lançamento do projeto da Abimóvel e destaca a geração de emprego e renda desses empreendimentos menores.

“A produção de poltrona está em alta em Arapongas. São peças que não exigem tanta madeira e outros insumos. Além disso, são mercadorias que podem ser vendidas por sites de comércio eletrônico (marketplace)”, diz.

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O secretário comenta que o fortalecimento desse nicho é de interesse do município, que pretende abrir cursos e dar treinamento para que esses empreendedores se mantenham no mercado.

Negócio familiar em expansão

A empresária Kauane Queiroz Bagatini, de 26 anos, é um desses exemplos de pequenos empreendimentos em Arapongas. A produção de móveis está no sangue da família e ela decidiu usar a experiência do pai Valdomiro Bartoli, de 53 anos, para ingressar no setor.

Ele trabalhou desde os 12 anos em uma empresa tradicional de estofados de Arapongas e, quando se aposentou, continuou trabalhando no fundo de casa com reforma de sofás e outros serviços do ramo.

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“Junto com o meu marido, nós tivemos a ideia de colocar os produtos do meu pai na internet, em meados de 2020, um pouco antes da pandemia. Comecei de forma despretensiosa e com pouquíssimo entendimento neste mercado”, admite.

Aos poucos, ela conta que foi buscando conhecimento na área a partir de pesquisas pela internet com pessoas referência em vendas online para entender o funcionamento do marketplace. “Fui me apaixonando e começamos a ter retorno das postagens dos produtos”, lembra.

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Atualmente, a empresa trabalha com estofados para lanchonetes e restaurantes, sofás de recepção de áreas comerciais e macas estofadas para esteticistas e profissionais da área.

O primeiro cliente foi uma lanchonete de Arapongas, que pediu bancos estofados. “Usamos fotos desses bancos como divulgação na internet e começamos a ter bastante procura. Foi onde tudo direcionou para focarmos nessa área, desenvolvendo produtos desse público”, comenta.

Hoje, a empresa vende no Mercado Livre, B2W, Via Varejo, Magazine Luíza, Facebook, OLX, Madeira Madeira e em site próprio. Kauane conta que trabalhava no setor administrativo de uma empresa de ferragens e deixou o emprego há três anos para comandar o negócio familiar. “Nós alugamos um local próprio para o nosso trabalho e estamos lá até hoje”, comenta. São quatro funcionários e os planos são de continuar crescendo.

Um exemplo para os pequenos

O empresário Vilson Gariani, 47, realizou o sonho da maioria dos pequenos empreendedores do setor de móveis de Arapongas. Depois de trabalhar por 26 anos em uma das grandes fábricas da cidade, ele abriu seu próprio negócio em 2017 nos fundos de casa. Ele e a esposa trabalhavam na empresa, com apenas um funcionário – que até hoje está na equipe. Atualmente, são 40 empregados e um empreendimento sólido. (Veja matéria em vídeo abaixo)

Vilson Garianii trabalha atualmente na produção de poltronas e, principalmente, de poltronas de amamentação. Ele vende para grandes redes físicas e também no marketplace.

“A nossa produção é de 200 peças por dia. Nosso maior potencial de vendas hoje são as poltronas de amamentação. É um nicho que investimos e, graças a Deus, estamos obtendo bons resultados”, assinala o empresário.

Nem tudo são flores na caminhada. Em 25 de março de 2022, um grande incêndio destruiu praticamente toda a fábrica. O fogo, provocado por um curto-circuito, brecou um bom momento da empresa.

Durante a pandemia, os pedidos cresceram. “Tivemos problemas, principalmente no marketplace, porque não conseguimos entregar alguns pedidos e nossa nota baixou, mas agora estamos recuperando também as vendas nos sites eletrônicos, voltando a crescer nessa plataforma”, comenta o empresário, que usou sua experiência no setor para dirigir o negócio.

“Digo para quem está começando que acredite nos seus sonhos e aja da forma correta. Assim, as coisas tendem a dar certo”, completa.

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