A alta nos preços dos alimentos provocou uma verdadeira mudança de comportamento nos consumidores que recorrem a hábitos antigos, como comprar em atacados e estocar alimentos para aproveitar descontos na tentativa de driblar a inflação.
O motorista aposentado Roberto de Carvalho e a esposa Diva Brito de Carvalho, de Arapongas, comentam que o preço dos alimentos está muito alto e, de alguns anos para cá, o que fez ele comprar em atacado e até estocar alimentos. “Em uma compra de R$ 800, dependendo o mercado, a diferença pode chegar a R$ 100”, afirma.
Entre as compras para estoque, ele levou arroz, óleo e vinagre. “Compramos só o essencial, o básico do básico, porque encareceu tudo. Uma vez por mês pegamos algo supérfluo, porque tudo está caro”, comenta.
O casal Odair e Lurdes Nascimento também se convenceu de que a melhor alternativa de fazer o dinheiro render é comprar em atacado. Lurdes conta que uma vez por mês ele faz toda compra de casa, até para economizar gastos com combustíveis de constantes idas ao supermercado. “Dessa forma está funcionando para a gente. Gastamos, em média, R$ 450 por mês com supermercado, fora gás e carnes”, afirma.
O gerente de um estabelecimento atacadista de Arapongas, Daniel Porfírio, observou uma maior busca por famílias na loja. “Até então o atacado era frequentado somente por comerciantes que fazem compras em volume maior. Hoje o cliente vê o atacado como uma opção possível para fazer economia e fazer as compras de uma forma mais econômica”, afirma.
Para o gerente, estocar itens não perecíveis é uma maneira de aproveitar os descontos e economizar. “Cada mês que passar, compare preços, de repente compra um fardo de detergente. No outro mês aproveita promoção do fardo do creme dental, outro do óleo, sabonete. Fazendo dessa forma, o cliente vai constituindo um estoque e vai conseguir fazer economia”, orienta.
MÚLTIPLOS FATORES
O economista Rogério Ribeiro, professor da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), listou um conjunto de fatores que pressionam os preços dos alimentos. De acordo com ele, a alta dos combustíveis, guerra na Ucrânia e lei da oferta e demanda são os que mais tiveram impacto inflacionário.
O economista lembra que a série de reajustes nos preços dos combustíveis que causou um efeito em cadeia. “O efeito foi o mesmo: demanda maior que oferta. Neste caso aumentaram os custos de produção e transporte de alimentos”, explica.
De acordo com o economista, no ano passado os alimentos subiram, no conjunto, mais de 20%. E neste ano a projeção é de aumentos dos preços dos alimentos bem acima dos índices médios de inflação.
“O abrandamento dos preços dos alimentos irá ocorrer à medida que normalize a oferta. Mas isto levará vários meses. Portanto, teremos a manutenção dos preços dos alimentos em níveis altos por mais tempo”, afirma. Assista:
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