A crise do novo coronavírus começa a mostrar efeitos no setor moveleiro de Arapongas. Segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Arapongas (Sticma) mais de 1,3 mil trabalhadores tiveram contrato de trabalho rescindido nos últimos quatro meses. Em relação as rescisões feitas com homologação do sindicato, o número de demissões cresceu 37% em relação ao período de janeiro a abril do ano passado.
O presidente do Sticma, Carlos Roberto da Cunha, explica que no primeiro quadrimestre, o sindicato homologou 963 rescisões. Porém, cerca 350 trabalhadores com menos de um ano atuando, modalidade que não exige atuação do sindicato, também foram dispensados. No mesmo período do ano passado, de acordo com Carlos, foram feitas 680 rescisões de contrato via sindical. “Estamos vivendo um ano atípico com a pandemia da Covid-19 e isso impactou diretamente no polo moveleiro com essas inúmeras demissões”, esclarece.Segundo o presidente do sindicato, Arapongas conta com 198 pequenas, médias e grandes empresas de móveis, que contavam com 7,5 mil funcionários. “Em 2008, esses estabelecimentos somavam mais de 10 mil trabalhadores, mas este número foi caindo com o passar dos anos devido às crises financeiras que o Brasil enfrentou. Com certeza as maiores empresas são as mais prejudicadas, já que vendem para magazines de São Paulo e Rio de Janeiro, cidades fortemente afetadas pela crise. Sem consumo não existe venda”, ressalta. Carlos diz que algumas empresas entraram em acordo com os funcionários, diminuindo a carga horário e o salário. No entanto, para os trabalhadores que recebem comissões e prêmios de produtividade, por exemplo, o prejuízo é grande. “Vamos torcer para melhorar porque não podemos mensurar como vai ficar a situação daqui para frente. O comércio de São Paulo e Rio de Janeiro abrindo, acredito que já ajuda bastante”, complementa. A situação é avaliada com apreensão também pelo Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas (Sima). Segundo o empresário Irineu Munhoz, presidente da entidade patronal, as empresas estão caminhando de acordo com o mercado, que vive um momento ruim devido à crise do novo coronavírus. “Sem consumo não tem produção. Acredito que teremos cerca de 15% de rescisões de contratos durante esse período. Com o comércio fechado no Rio de Janeiro e São Paulo, nossos maiores compradores, fica complicado. Temos que aguardar o que vai acontecer”, reforça.
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