MAIS LIDAS
VER TODOS

Arapongas

Com personalidade própria, Distrito de Aricanduva completa 85 anos

Localidade tem berço indígena e se desenvolveu após a chegada da estação ferroviária, em1º de novembro de 1942

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 01.11.2023, 08:30:07 Editado em 09.04.2024, 17:33:39
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

O dia 1º de novembro pode ser considerado especial para o distrito de Aricanduva, em Arapongas (PR). Isso porque, há exatos 81 anos, no dia 1º de novembro de 1942, foi inaugurada o que seria um divisor de águas no até então recém-fundado território: a estação ferroviária da Aricanduva. Com 85 anos, a localidade tem personalidade própria. Com berço caingangue na sua formação e localizada na divisa com Apucarana, o distrito tem todas as ruas com nomes ligados aos indígenas, enquanto em Arapongas todas as vias públicas prestam homenagens a pássaros.

continua após publicidade

LEIA MAIS - Capela de distrito é réplica da 1ª Igreja Matriz de Arapongas; vídeo

Fundada em 1938 pela Companhia de Terras do Norte do Paraná, a localidade recebeu inicialmente o nome de "Itambé", em homenagem a um rio que ainda se encontra preservado até hoje. Somente dois anos depois, em 1940, que o nome foi trocado, sendo substituído pela palavra "Aricanduva", que, no tupi-guarani, significa "Terra das palmeiras doces".

continua após publicidade

A mudança de nome e a palavra escolhida foram influenciadas pela grande presença de indígenas caingangues que habitavam a região. Como conta o historiador do distrito, Valter Pontim, era uma imposição da companhia: colocar os nomes dos territórios com coisas diretamente relacionadas ao local, como plantas, passarinhos e, no caso em questão, dos indígenas.

 Trabalhadores durante construção de trecho da linha férrea, que passa por Aricanduva
Foto por Reprodução
Trabalhadores durante construção de trecho da linha férrea, que passa por Aricanduva

“Como havia muitos indígenas aqui, trocaram o nome para Aricanduva. Tinha também muitas palmeiras nessa região e os indígenas se alimentavam delas. Os indígenas ficavam na estrada de ferro e não queriam sair. Por conta disso, o governo federal criou seis reservas indígenas no Paraná e uma delas foi para esses indígenas que ficavam em Aricanduva”, assinala.

continua após publicidade

Após a realocação dos indígenas para a Reserva de Apucaraninha, em Tamarana, a estação de trem foi construída. Ela serviu como um ponto de parada estratégica para que a velha Maria Fumaça pudesse abastecer, pois, como precisava de água para gerar o vapor, ela não conseguia percorrer 18 km para sair da estação de Arapongas e ir até Apucarana. Já com relação ao nome, a estação ficou conhecida como "Estação Ferroviária do Km 260". Isso porque, 260 km era a distância que ela ficava da Estação Ferroviária inicial em Ourinho (SP).

 Estação Ferroviária hoje em dia
Foto por TNOnline/Gabriel Carneiro
Estação Ferroviária hoje em dia

De acordo com Valter Pontim, a chegada da estação, juntamente com outros marcos econômicos para o território, foi um diferencial em Aricanduva, contribuindo muito com a guinada do distrito. “Ele ajudou muito com um aquecimento logo no início do distrito. Começaram a chegar gente na década de 40, justamente por causa da chegada do trem e por causa da colheita de café. Já na década de 50 começaram a falar que Aricanduva tinha petróleo. Aí a Petrobras veio para cá e furou várias regiões, mas não achou nada porque o basalto da terra roxa, quando teve a erupção, queimou todas as reservas. Teve também uma boa expansão por conta da instalação da Nortox (empresa de defensivos agrícolas) no distrito em 1968”, afirmou.

continua após publicidade

Foi a partir da chegada do trem e das possibilidades em transportes de cargas e pessoas, que Aricanduva começou a evoluir e construir os pilares do distrito. Foi construída em 1947 o Grupo Escolar Júlio Junqueira e, de 1955 até 1967, foi erguida pelos moradores da cidade a Igreja Matriz.

Hoje, o distrito conta com cerca de 2,6 mil habitantes, que circulam por ruas, que como mais uma marca de suas origens, foram batizadas com nome de indígenas. Atualmente, Aricanduva tem escola, CMEI, posto de saúde e até mesmo uma subprefeitura.

continua após publicidade

Na visão do subprefeito, Lita Evangelista, o território passou por um processo de urbanização. “O distrito hoje está mais urbanizado. Como foi um distrito criado naquela linha mais de sítio, então era um pouco mais longe da cidade. Porque ficando entre Apucarana e Arapongas, o distrito ficava meio abandonado. O que eu penso dos últimos 10 anos para cá foi, justamente, trazer o distrito mais próximo ao município de Arapongas. Hoje, nós temos várias facilidades”, ressaltou.

 Subprefeito de Aricanduva, Lita Evangelista (à esquerda) e o historiador do distrito, Valter Pontim (à direita)
Foto por TNOnline/Gabriel Carneiro
Subprefeito de Aricanduva, Lita Evangelista (à esquerda) e o historiador do distrito, Valter Pontim (à direita)

Moradores antigos

continua após publicidade

Dentre os moradores do distrito, uma das mais antigas é Rosa Alhier, de 72 anos, que mora em Aricanduva desde o ano de 1964. Ela contou que foi para o distrito com 10 anos de idade e, por conta disso, viveu praticamente sua vida toda lá.

“Foi 1964 (que cheguei). Eu vim com meus pais. A gente era em nove irmãos. Viemos tocar um sítio na estrada velha. Moramos 20 anos e casei naquele sítio. Aí vim para Aricanduva, aqui ainda era estrada de chão, tinha o salão de festa de madeira. Tinha também a nossa igreja, que ainda era de madeira. Casei aqui em Aricanduva e tive meus três filhos”, conta ela.

 Rosa Alhier dentro da subprefeitura de Aricanduva
Foto por TNOnline/Gabriel Carneiro
Rosa Alhier dentro da subprefeitura de Aricanduva

Outra moradora de longa data de Aricanduva, que vive no distrito desde o ano de 1975, é Valentina Guzi Pereira, de 82 anos. Segundo ela, antes de morar na casa que reside hoje com o filho Ricardo Guzi Pereira, de 50 anos, a família já morou em outras cinco casas no distrito. Valentina também revelou que gosta muito de morar no local e, quando as filhas sugerem uma mudança de casa, ela rejeita sem pensar duas vezes.

“É gostoso, as minhas meninas querem que eu venda aqui e mude para a cidade. Eu falo: não vou vender, não. Uma que eu tenho as minhas árvores que eu plantei e lutei para cuidar. Agora que as minhas árvores estão dando flor eu vou sair daqui?”, questiona.

Por Gabriel Carneiro

 Valentina Guzi com o filho Ricardo Guzi Pereira, em frente a casa onde moram em Aricanduva
Foto por TNOnline/Gabriel Carneiro
Valentina Guzi com o filho Ricardo Guzi Pereira, em frente a casa onde moram em Aricanduva
GoogleNews

Siga o TNOnline no Google News

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Arapongas

    Deixe seu comentário sobre: "Com personalidade própria, Distrito de Aricanduva completa 85 anos"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!