Quando o município de Arapongas foi fundado, a Colônia Esperança já existia há mais de uma década. Em outubro, a comunidade celebra os 85 anos da chegada das famílias dos colonizadores japoneses naquelas terras.
A abertura da corrente migratória dos japoneses teve início em 18 de junho de 1.908, com a chegada do primeiro navio. Inicialmente os imigrantes, ao chegarem, eram enviados para as grandes fazendas do interior do Estado de São Paulo para trabalhar nos cafezais. Em busca de uma vida melhor, muitos buscaram terras no norte do Paraná.
Aos 78 anos, Inácio Suzuki conta que o pai, Koshiro Suzuki chegou na década de 30 em São Paulo. Para fugir da malária, resolveu buscar vida nova e conheceu a Companhia de Terras Norte do Paraná. “Quando meu pai chegou não tinha a colônia ou Arapongas era só terra. Meu pai era catequista, foi feito um regulamento para criar uma colônia japonesa católica e assim começou a venda dos lotes e, em 1935, começou a construção do que hoje é a Colônia Esperança”, relembra.
Miguel Makyama tem 83 anos. Ele chegou com a família em 1940 e conta que a vida melhorou muito quando vieram morar na Colônia Esperança. “Era muito difícil ser imigrante. A gente tinha dificuldades com a língua, comida, costumes, tudo era diferente. Meu pai, Tsujimatsu Makiyama, chegou em 1925 em Santos, depois foi para Cambará que, na época, era Fazenda Barbosa. Quando chegamos aqui na Colônia encontramos 72 famílias de japoneses. Aqui estavam as pessoas que ajudaram a erguer a igreja, que construíram a escola”, detalha. Ele também lembra que a terra rendeu bons frutos aos imigrantes. “Era algodão, feijão, milho, depois o café. Em 1941, 1942 o café era muito bom. Aqui fomos construindo a base da gente,” disse.
Atualmente, a Colônia Esperança é reconhecida pela produção de abacate e ovos. Há uma variedade própria desenvolvida na localidade - o abacate “Margarida” -, que compõe a maior parte dos pomares, que todo ano produzem uma média de 2,3 mil toneladas. As granjas produzem em média, 35 milhões de dúzias de ovos anualmente, colocando o município entre os maiores produtores do estado. Para marcar os principais produtos da colônia, foi criada a a “Festa do Ovo e do Abacate”, que neste ano seria a sexta edição, cancelada por causa da pandemia do novo coronavírus.
No ‘coração’ da colônia, a Paróquia Sagrado Coração de Jesus
O principal símbolo da colônia é, sem dúvida, a imponente Paróquia Sagrado Coração de Jesus. A igreja, considerada uma das mais bonitas do município por conta dos detalhes arquitetônicos e do arvoredo ao seu redor, foi construída com os esforços da comunidade japonesa que doava parte dos lucros da colheita para a construção. A igreja atual, que substitui a primeira de madeira, demorou cinco anos para ser erguida. “A inauguração e bênção da igreja foram realizadas no dia 31 de outubro de 1.955, às 8 horas da manhã, pelo Bispo Dom Geraldo de Proença Sigaud. Após a bênção, Dom Geraldo celebrou a primeira Santa Missa na nova igreja e, à tarde, conferiu o sacramento da crisma a 217 crianças moradoras da Colônia”, explica o padre Marcos Bertanha, pároco da igreja.
Segundo ele, no dia da inauguração e bênção da igreja, os sinos não tinham ainda chegado. Feitos na Alemanha, eles chegaram dias depois. “No dia 11 de dezembro de 1.955, um domingo, o Frei Graciano fez a bênção dos sinos, e eles foram alçados na torre. A badalação dos sinos aconteceu pela primeira vez na noite de Natal de 1.955. Neste ano de 2.020, estamos a celebrar os 85 anos da chegada das famílias dos colonizadores japoneses. Esta celebração é causa de esperança e alegria para todos que frequentam e estimam a história de fé desta comunidade”, explica o padre Marcos Bertanha, pároco da igreja.
O padre também ressalta importância histórica da Colônia Esperança. “A coragem dos nossos pioneiros, homens e mulheres com convicção de fé, deixaram um precioso legado e uma história valiosa que faz parto do município de Arapongas e a Diocese de Apucarana. Não temos mais as condições e magnitudes do passado, mas temos a mesma coragem, a mesma fé e a mesma determinação, que nos faz resgatar e manter nossa história e fazer da nossa colônia um patrimônio de fé, amor e esperança”, finaliza
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