O prefeito de Arapongas, Sergio Onofre da Silva (PSC), anunciou nesta sexta-feira (16) a elaboração de um projeto para a construção de uma ciclovia no trecho da BR-369 entre o início do perímetro urbano do município até Apucarana. A pista exclusiva para bicicletas, de 9 quilômetros, iniciaria nas proximidades da Havan e se uniria à ciclovia já construída pela Prefeitura de Apucarana no Parque Industrial Norte.
O anúncio ocorre após a morte de um ciclista de 78 anos na última quinta-feira (15) no trecho. Francisco Alves de Lino, de Apucarana, foi atingido por um Chevrolet Cobalt quando tentava cruzar a BR-369 e morreu na hora. O acidente reabriu o debate sobre a necessidade de construção de uma ciclovia na rodovia. O percurso é utilizado por mais de 500 ciclistas todas semanas, inclusive no período noturno, segundo estimativas de equipes de ciclismo.
O trecho da BR-369 entre Apucarana e Arapongas se transformou nos últimos anos em uma rota de ciclistas. Muitos apucaranenses fazem o percurso até a Havan, enquanto outros pedalam até o antigo pedágio da Viapar. Ao longo dos anos, vários acidentes foram registrados, com mortes e sequelas.
Em dezembro de 2021, a Prefeitura de Apucarana inaugurou a Ciclovia Irmo Celso Vidor, em um trecho de 2,7 quilômetros entre o Monumento do Boné, também chamado de “bonezão”, e as imediações da Faculdade do Norte Novo de Apucarana (Facnopar). A partir desse ponto, os ciclistas usam o acostamento da rodovia até Arapongas.
O prefeito Sergio Onofre afirma que a construção de ciclovias unindo cidades próximas é defendida pela Associação dos Municípios do Médio Paranapanema (Amepar), presidida por ele. “Queremos construir ciclovias entre Apucarana e Arapongas; Arapongas e Rolândia; Rolândia e Cambé e Cambé a Londrina”, afirma, observando que a proposta seria levada ao governo do Estado.
No entanto, ele assinala que já determinou à Secretaria Municipal de Obras, Transporte e Desenvolvimento Urbano (Seodur) a execução do projeto no trecho da BR-369 até alcançar a ciclovia do Parque Industrial Norte de Apucarana. “O nosso trecho é bem maior (do que o executado por Apucarana), mas temos a intenção de fazer. Até porque o percurso é utilizado por ciclistas das duas cidades. Em Aricanduva, inclusive, está sendo construída uma gruta em homenagem aos ciclistas e um ponto de descanso”, afirma, fazendo referência ao projeto da Paróquia Bom Jesus, comandada pelo padre Lino Batista, que está construindo a Gruta de Nossa Senhora do Ghisallo, padroeira dos ciclistas. No local, uma estrutura de apoio a quem pedala entre as duas cidades será montada.
APUCARANA
Em Apucarana, a Prefeitura também anunciou um projeto para ampliar a infraestrutura destinada aos ciclistas. Segundo Carlos Mendes, diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Planejamento de Apucarana (Idepplan), o prefeito Junior da Femac (PSD) determinou a execução de um projeto partindo da praça do Clube 28 de Janeiro até o “bonezão”. “Por conta das características urbanas, com limitação de espaço físico, esse projeto vai prever ciclofaixas, calçadas compartilhadas e ciclovias dependendo do trecho”, explica. Segundo ele, muitos ciclistas se concentram justamente na praça para pedalar até Arapongas.
Além disso, o município está concluindo a iluminação em LED no Parque Industrial Norte, o que facilita a visibilidade dos motoristas e ciclistas, e também planeja um ponto de apoio aos grupos de pedal no antigo módulo da Polícia Militar (PM) na saída para Londrina, que recentemente foi demolido.
Ciclistas admitem preocupação
Ciclistas que percorrem o trecho da BR-369 entre Apucarana e Arapongas afirmam que a construção de uma ciclovia reduziria consideravelmente os riscos de acidentes. Welington Cesar de Oliveira, vice-presidente da Associação Terra Brasil dos Ciclistas de Apucarana, estima que mais de 500 ciclistas percorrem a rodovia ligando as duas cidades semanalmente.
Ele afirma que o percurso é perigoso e admite que muitos ciclistas descumprem algumas regras de segurança, principalmente ao trafegar na pista destinada aos veículos. “Nós orientamos que os ciclistas sempre andem no acostamento e utilizem todos os equipamentos de segurança, desde capacetes adequados, luvas e óculos de proteção, além de instalar lanternas dianteiras e traseiras nas bicicletas e usar uniformes com faixas reflexivas para andar à noite”, explica.
Segundo ele, a construção de uma ciclovia faria com que muito mais pessoas fizessem o percurso. “Há ciclistas que gostam da terra e outros que preferem andar no asfalto. Hoje, o ciclismo é uma atividade muito procurada como forma de melhorar a saúde física e mental. Então, é importante que haja um investimento para esse público”, assinala.
Ciclista há oito anos, Welington faz o percurso entre Apucarana e Arapongas três vezes por semana: terças e quintas à noite, e domingos pela manhã. Segundo ele, muitos ciclistas estão usando sapatilhas para pedalar sem estar devidamente adaptados a esse equipamento, que prende o pé no pedal. “Eu comecei a usar e parei. É perigoso e exige aprimoramento e treinamento para o seu uso. Muitos acidentes são causados por essa sapatilha, que é recomendada por quem pedala profissionalmente”, alerta.
PRF não recomenda ciclismo nas rodovias
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou à Tribuna que não recomenda o trânsito de bicicletas em rodovias, apesar de não ser proibido. “O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz que nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla a circulação de bicicletas deverá ocorrer quando não houver ciclovia, ciclofaixa ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores”, diz a corporação.
Segundo a PRF, as ciclovias são ideais, porque garantem um espaço separado da via de circulação de automóveis, com a segurança necessária para o ciclista, tanto o que pratica esportes como o que usa a bicicleta para deslocamentos diários para o trabalho ou passeio.
“A orientação é para que se obedeça à legislação de trânsito, procurando sempre ser visto e notado, por meio de roupas claras, elementos reflexivos e iluminação, sempre lembrando dos equipamentos de segurança, como o capacete”, completa. Em 2022, a PRF já registrou 100 acidentes com ciclistas nas rodovias federais que cortam o Estado, com 85 feridos e 11 mortes. No ano passado, 196 acidentes foram registrados, com 183 feridos e 16 mortes.
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